quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Algumas Sugestões sobre a Prática

de Charlotte Joko Beck Palestra do DarmaTradução para o português deMaria Heleosina Ribeiro Pessôa
  • Joko Beck escreveu as seguintes sugestões para ajudar seus estudantes em sua prática:
  • Não comece um período sentado sem considerar porque você se senta. Conheça sua intenção.
  • Saiba que não existe "qualquer lugar para ir, nada para atingir". Esteja consciente de pensamentos ambiciosos.
  • Cheque sua postura. Não se preocupe como você se senta, o corpo deve estar ereto (mas não rígido), equilibrado, e com conforto. O lugar deve estar limpo e agradável. (Mas podemos sentar em qualquer lugar e em qualquer posição – até mesmo deitar se estivermos doentes ou exaustos).
  • Sente-se todo dia. Tente não perder mais do que um dia em uma semana. Se a resistência aumentar (é uma parte normal da prática), esteja consciente de que ela consiste de pensamento, como tudo, é necessário que ele não o domine. Só o observe. Sinta-o no corpo. E não se mova, nunca.
  • Uma vez por semana, sente-se por mais 10-15 minutos do que você quer sentar.
  • Não fique obcecado por sentar. Em nenhum caso deve negligenciar as responsabilidades com o trabalho ou com a família para sentar.
  • Quando estiver deprimido, não evite sentar. Por mais difícil que seja, é crucial sentar quando as dificuldades surgem.
  • Saiba que sentar é simplesmente manter a consciência do corpo e da mente. Esteja atento para qualquer desejo de transformar o sentar em uma fuga da vida entrando em estados de tranqüilidade semelhantes ao estado hipnótico, tais estados podem ser sedutores mas são inúteis.
  • Esteja consciente do período de lua de mel para os iniciantes na prática de sentar, freqüentemente é seguido de resistência, possível turbulência, e insurreições emocionais. Continue a praticar com ênfase particular em suas sensações corpóreas.
  • Esteja consciente de que "atingir algo" na prática do sentar (tal como clareza especial, "insight", serenidade da mente) não é o objetivo. Estes podem ocorrer –mas o objetivo é sua consciência do que quer que seja que esteja acontecendo, incluindo confusão, desânimo ou ansiedade.
  • Não gaste seu tempo sentado fazendo planos. Não há nada errado em fazer planos, mas dedique um outro momento para isto. Se você tiver pensamentos de planejamento quando você se senta, rotule-os.
  • No cotidiano esteja atentamente consciente do desejo de indiscrição ou queixa, para julgar aos outros e a si mesmo, para sentir-se superior ou inferior.
  • Toda prática pode ser considerada como:
    observação do processo mental, e
    experiência das sensações corpóreas presentes. Nem mais nem menos.
    E finalmente, lembre que a prática verdadeira não está nas técnicas ou koans ou qualquer outra coisa em si mesmas, mas na transformação de sua vida e da minha. Não existem "atalhos". Nossa prática é sobre nossa vida, e praticaremos para sempre.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

domingo, 7 de setembro de 2008

Diálogo inter-religioso

Amigos, neste site: http://www.wccm.com.br/caminho.htm podemos ver a força do diálogo inter--religioso e da grande sabedoria que surge desta união em prol da paz. Acredito mesmo que todas as religiões são importantes assim como também é possível seguir um caminho de paz e amor sem estar ligado a nenhuma tradição religiosa. Como diz o Dalai Lama, o importante mesmo é ter um bom coração. Que possamos respeitar as várias tradições religiosas e seguir as vibrações positivas dos grandes mestres.

Tashi Delek

sábado, 6 de setembro de 2008

A Sabedoria É Um Fluxo Vivo

Os meditadores sabem desde o início dos tempos que precisam usar os próprios olhos e a linguagem de sua época para expressar o seu insight. A sabedoria é um fluxo vivo, não uma estátua a ser preservada num museu. Somente quando o praticante descobre a fonte da sabedoria na sua vida é que ela pode fluir em direção às gerações futuras. Manter acesa a tocha da sabedoria é tarefa de todos nós que sabemos como abrir um caminho através da floresta para podermos seguir adiante.

Thich Nhat Hanh

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Estamos sempre nele...

O absoluto sempre engloba a dor e o prazer. Não há nada de errado com a dor em si: nós apenas não gostamos dela. Não existe algo chamado absoluto que seja maior do que o relativo. São os dois lados de uma mesma moeda. O mundo fenomênico das pessoas, das árvores e dos tapetes e o mundo absoluto do puro nada incognoscível, da energia, são a mesma coisa. Em vez de ir em busca de um ideal unilateral, precisamos nos curvar diante do absoluto no relativo, assim como do relativo no absoluto. Devemos honrar todas as coisas.

Charlotte Joko Beck

segunda-feira, 1 de setembro de 2008


" A paz não surge de um processo lógico sob condições; se a nossa paz estiver baseada em argumentos lógicos, não será verdadeira, mas uma condição construída e frágil."

Lama Padma Samten
Pela compaixão dos Budas e Bodisatvas, surge, então, o ensinamento correspondente a quinta etapa do nobre caminho do Buda, cuja descrição é o cerne deste texto. No zen isto é simbolizado pela afirmação de mestre Dogen "quando sentamos em meditação, praticamos inseparáveis de todos os seres". Isso soa como um koan: os seres parecem separados, enquanto estamos sentados na sala de meditação eles estão fazendo várias coisas por todos os lados, então o que significa essa inseparatividade? Como solucionar isto?
Os grandes mestres também afirmam que se nossa prática de meditação é uma forma de lucidez diferente da lucidez do período que a precede e do período que a sucede, isto é um problema... A prática não pode ser dividida em três períodos de tempo. Devemos entender que antes, durante e depois da prática de meditação nossa mente é inseparável da mente de todos os seres. Enfim, não há diferença entre os estados de meditação formal e os estados mentais de lucidez da vida cotidiana.
Erroneamente muitos praticantes apenas mantém a aparência externa da prática no período que a sucede. Levantam e caminham em silêncio com o olho parado sem piscar, com uma cara “de praticante”. E assim fica óbvio que durante a prática de meditação eles também não estiveram em contato com todos os seres. Quando levantam e caminham, a prática parece resumir-se na experiência de não-contato com os seres. Esta seria a prática de um javali específico, mas não a verdadeira prática de meditação.
O quinto passo no nobre caminho é o antídoto efetivo para os dois problemas citados no princípio: dificuldades econômicas, a inadaptação que muitos praticantes sentem com relação a vida cotidiana e a conseqüente agitação durante a meditação.
Essa experiência também é simbolizada pela expressão “abandonar corpo e mente”. Com isso queremos dizer que abandonamos todo o auto-interesse. Esta é a grande morte, a morte do javali, o renascimento da liberdade. Ainda assim essas expressões seguem como desafios, como koans. No quinto passo no nobre caminho podemos tentar penetrar nessa prática.
Considero algo extremamente revelador podermos nos associar energeticamente com os outros seres, ter uma experiência de brilho, não apenas motivados por um auto-interesse, mas motivados por uma ação mental que é mais ampla e inclui a compreensão da situação dos outros no próprio contexto em que se encontram. Talvez a palavra “compreensão” não seja muito exata. Se existe alguém que compreende algo, ainda existe um objeto da mente. Me refiro de fato à circunstância na qual a pessoa faz sua mente operar sob as condições a que outro ser está submetido. A pessoa desenvolve um fluxo mental e energético, e consequentemente um fluxo de emoções, na inseparatividade com o outro.

Lama Padma Samten