quarta-feira, 17 de junho de 2009

Aniversário de Dzongsar Khyentse - 18/junho


Um escultor pode criar uma linda mulher com mármore, mas ele deve saber bem como não se apaixonar pela criação. Como Pigmalião com sua estátua de Galatéia, nós também criamos nossos amigos e inimigos, mas nos esquecemos que é assim. Devido à ausência do estado desperto em nós, nossas criações são transformadas em algo sólido e real, e vamos ficando cada vez mais enroscados. Quando você compreender por inteiro, não apenas intelectualmente, que tudo é apenas sua criação, você será livre.

Dzongsar Khyentse Rinpoche, em " What Makes You Not a Buddhist"

Prece pela longevidade de Dzongsar Khyentse Rinpoche

OM SOTI DJAM IANG TCHEN PE NIENG DJED RAB SAL UAR KUN TCHAB TUG DJEI OD ZER TA IE BAR

OM SOTI Sol inteiramente luminoso da sabedoria de Manjusri, os raios de sua compaixão inata que tudo permeiam, brilham ilimitadamente,


MED DJUNG NU TOB TEN DROI PED MOI NIEN TCHOD GUI SANG SUM TAG TU TEN DJUR TCHID

sua magnífica energia e poder nutrindo os lótus dos ensinamentos e dos seres. Que seus três segredos sublimes permaneçam sempre firmes.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Véus da Mente II

O véu da ignorância

A ignorância sobre a verdadeira natureza da mente, isto é, o simples fato dela não reconhecer o que é realmente, é chamada de ignorância fundamental. É a inabilidade básica da mente condicionada perceber a si mesma. Podemos comparar a mente pura, que possui as três qualidades essenciais, com as águas calmas e transparentes, nas quais tudo pode ser visto claramente. O véu da ignorância é uma falta de inteligência, um tipo de estado nublado, assim como um vaso opaco faz a água perder sua claridade transparente. Tal mente obscurecida perde a experiência da abertura lúcida e se torna ignorante de sua natureza essencial.
Diz-se que a ignorância fundamental é inata, porque ela é inerente à nossa existência; nascemos com ela. De fato, ela é o ponto de partida da dualidade, a raiz de todas as delusões e a fonte de todo sofrimento.

O véu da tendência básica
A mente controlada pela ignorância se engaja em todas as delusões, entre as quais a mais básica, a raiz de todas as outras delusões, é o apego dualista em termos de sujeito e objeto.
Quando a mente não conhece a extensão de sua abertura, ao invés de experienciar sem centro ou periferia, percebemos tudo através de um ponto central de referência. Este ponto, o centro que se apropria de todas as experiências, é o observador, o ego-sujeito. É deste modo que a mente, ignorante de sua abertura, produz a experiência delusória de um "eu".
Ao mesmo tempo, quando a natureza da claridade não é reconhecida, experienciamos uma sensação de "outro" ao invés da qualidade auto-consciente da mente. Assim, o sujeito-ego distingue coisas que se tornam a qualidade auto-consciente. Assim o sujeito-ego distingue coisas que se tornam objetos externos. Surge a dicotomia do sujeito e do objeto, do "eu" e do outro. As "outras" coisas têm uma forma dual: as aparências do mundo externo e os fenômenos duais.
Esta tendência da mente ser ignorante de sua natureza, e de perceber todas as situações de modo dualista, é o véu da tendência básica. Desta perspectiva, este segundo véu pode ser chamado de véu do apego dualista.

O véu das paixões
Como vimos, a mente ignorante de sua abertura e de sua claridade fica imersa na dualidade. Então, a ignorância da sensitividade da mente dá surgimento a todos os relacionamentos que existem entre os dois pólos da dicotomia sujeito-objeto. No nível puro, a sensitividade é a imediação e a multiplicidade das qualidades iluminadas, mas na ignorância, estas qualidades são substituídas pelas infinitas possibilidades relacionais dualistas. Na ignorância, começamos tomando os objetos externos como sendo coisas reais. Então experienciamos atração aos objetos agradáveis, aversão aos objetos desagradáveis e indiferença aos objetos que parecem neutros. Se um objeto é agradável, queremos possuí-lo. Por outro lado, diante de objetos ou situações desagradáveis, temos uma atitude de rejeição ou fuga. Finalmente, não nos relacionamos com certos objetos ou situações por causa da indiferença ou estagnação mental.
Estes três tipos de relacionamentos - atração, aversão e indiferença - correspondem ao desejo, ao ódio e à ignorância. Estes são os três venenos mentais primários, as três principais aflições mentais que animam e condicionam a mente habitual.
Na base destes três tipos de relacionamento, outras numerosas aflições mentais ou emocionais se multiplicam, notavelmente o orgulho, a ganância e a inveja. O orgulho surge deste "eu" que nasce da ignorância; a ganância é uma extensão do apego desejoso; enquanto a inveja provém do ódio e da aversão. Assim, os três venenos primários se ramificam em seis paixões: ódio, ganância, ignorância, apego desejoso, inveja e orgulho. Elas correspondem aos seis estados de consciência característicos dos seis reinos da existência. Depois, eles são subdivididos de novo e de novo, totalizando 84 mil tipos diferentes de paixões! Todos estes relacionamentos dualistas e aflitos compõem o véu das paixões.

O véu do karma
As várias paixões conduzem a uma grande variedade das ações dualistas, que podem ser - em termos de karma - positivos, negativos ou neutros. Elas condicionam a mente e a fazem nascer em um dos seis reinos da existência condicionada. Isto é o que chamamos de véu da atividade condicionada, ou véu do karma.

sábado, 13 de junho de 2009

Os véus da mente I

Se não há uma diferença essencial entre a mente de um buddha e a nossa própria mente, por que um buddha tem tantas qualidades atribuídas a ele, e nós não? A diferença é que em nossas mentes a natureza de buddha está obscurecida por todos os tipos de cobertura.
No nível impuro - isso é, na ignorância - cada uma das três facetas da mente pura se torna um dos elementos que constituem a experiência dualista. Para começar, a ignorância sobre a abertura da mente conduz à uma concepção de um sujeito, de um "eu", de um observador; e a ignorância sobre a claridade essencial conduz à ignorância dos objetos exteriores. É assim que surge a dicotomia sujeito-objeto, eu-outro.
Uma vez que os dois pólos da visão dualista tenham sido estabelecidos, vários relacionamentos se desenvolvem entre eles, que por sua vez motivam diferentes atividades. Os estágios deste processo são constituídos de quatro véus que mascaram a mente pura, a natureza de buddha. Eles são: o véu da ignorância, o véu da tendência básica, o véu das aflições mentais e o véu do karma. Eles são consecutivos e estão estruturados um após o outro.