sexta-feira, 31 de outubro de 2008


Shamata (6) por Dzongsar Khyentse Rinpoche

Conforme meditamos, nós simplesmente nos sentamos eretos e observamos a respiração. Então, o que isso faz? Isto cria um espaço. De fato, a técnica em si é apenas um truque. O ponto principal é reconhecer todo estes pensamentos e distrações, bombardeantes e constantes, que estão vindo para nós.Ainda ficamos com raiva, mas sabemos que estamos com raiva, por assim dizer. Quando estamos com raiva e sabemos que estamos com raiva, esse tipo de raiva tem muito humor. Podemos realmente direcionar esta raiva para certas direções — temos mais controle. A coisa frustrante sobre nossa vida é que não há controle com estas emoções. É por isso que não há diversão. Todo o propósito do buddhismo é ter diversão, não é? E a fim de ter isto, vocês têm de ter controle. Se alguma outra coisa tiver controle sobre vocês, é isso, não há diversão.
O shamatha envolve muita disciplina. Especialmente para os iniciantes, a disciplina é muito necessária. Por causa disto, os Lamas muitas vezes nos aconselham a, às vezes, fazermos meditação juntos, em um grupo. Claro que devemos praticar individualmente, definitivamente, mas a prática em grupo também pode nos ajudar. Porque, é claro, temos muito orgulho, temos ego, e esse orgulho e ego sempre nos dizem para termos uma mente competitiva. Então, quando estamos fazendo meditação em grupo, não queremos cair no sono, não queremos parecer que somos meditadores ruins. Não temos realmente aquela coragem para dizer, "Oh, bem, não importa se sou o pior". Queremos ser os melhores, queremos ser os mais rápidos. Temos esse mente competitiva. Então, já que temos esta competitividade de qualquer modo, também podemos usá-la como uma ferramenta no caminho. Então, quando pudermos, de tempos em tempos, fazer meditação em grupo pode ser realmente bom.É como ir a uma academia, eu penso. Se vocês comprarem os equipamentos para a sua casa, vocês fazem três ou quatro dias e então não as usam mais. Os equipamentos terminam na garagem, não é? Mas se forem a uma academia, verão outros corpos bonitos e outras pessoas que estão treinando diligentemente, e isso lhes dá inspiração. Que motivação errada! [Rinpoche ri.] Mas pelo menos os conduzirá a algum lugar. A confusão é aceita como um caminho, então está bem.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Shamata (5) por Dzongsar Khyentse Rinpoche

Sempre façam sessões curtas de shamatha, especialmente aqueles que são iniciantes — curtas, mas muitas vezes. Digamos que vocês estão meditando por quinze minutos, comecem de novo pelo menos trinta vezes. Tenham um intervalo curto no meio. Lentamente podemos fazer sessões mais longas — talvez, em quinze minutos, fazemos isto quinze vezes e então temos um intervalo. E de tempos em tempos fazemos um intervalo real — caminhamos, levantamos, fazemos alguma outra coisa. Depois de um tempo, vocês podem começar a fazer sete vezes dentro deste quinze minutos. Manter isto curto é importante porque, se fizerem muito no começo, vocês estarão fartos da técnica. Somos seres humanos, não gostamos de nos aborrecer, sempre gostamos de mudar — mudar o que comemos, mudar nossas roupas. Gostamos de mudar.
Do mesmo modo, o caminho espiritual é um processo longo, precisamos ter muita paciência. Precisamos começar a gostar do caminho, então mantenham a meditação curta, e precisa, e muitas vezes. Desse modo, desenvolvemos hábitos fortes. Depois, ela se torna parte de nós, fácil de fazer. É como beber álcool — quando começamos a beber pela primeira vez, bebemos um pouco. Não bebemos duas ou três garrafas de uma vez, senão ficaremos tão doentes que nunca mais tocaríamos o álcool. Façam apenas um tempo curto, mas muitas vezes, em muitas, muitas partes diferentes. Desse modo vocês se habituarão, e isto é necessário. A meditação shamatha deve se tornar parte de sua vida, e para fazer isso vocês precisam se acostumar com ela. Para se acostumarem a ela, façam-na um pouco, durante um tempo curto, mas muitas vezes.
E durantes os intervalos também, se possível, lembrem-se que estão respirando. Sempre nos esquecemos que estamos respirando.
Também não devemos limitar a programação de meditação. Não devem limitá-la à manhã ou apenas à noite. Vocês devem fazê-la a qualquer hora, todo o tempo. A hora de praticar é sempre agora — nunca é no futuro. Nunca deixem seu shamatha como se vocês fossem fazê-la no ano que vem, ou no mês que vem, ou no fim de semana que vem. Vocês devem fazê-la agora. De qualquer modo, é apenas por cerca de quarenta e cinco segundos, especialmente para os iniciantes. Fácil, vocês podem fazer isto em qualquer lugar. Requer apenas isto, sentar-se ereto e sessões curtas. Antes de nossa mente ficar distraída, nós mesmos decidimos terminar a meditação, e isso é bom — e então começamos mais uma vez. Novamente, antes que distrações estiverem para vir, nós terminamos terminar. Nos sentiremos confortáveis com a técnica e há um sentido de vitória sobre as distrações — antes das distrações virem, já estamos lá. Então, façam sessões curtas.Geralmente, nossa prática no caminho deve ser essa. Vocês não devem realmente fazer um plano de que "Esta é minha hora de praticar" e então perder completamente a consciência no intervalo. Claro que ela ajuda muito, vocês devem reservar um certo tempo para praticar, como uma certa hora de manhã ou à noite. Mas acima disso, devemos fazer shamatha às vezes, quando quer que seja possível, por apenas um minuto. Isso não é tão difícil. E então gradualmente nós aumentaremos.

Dzongsar Jamyang Khyentse, Thubten Chökyi Gyamtso

sexta-feira, 3 de outubro de 2008