terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Meditar sobre a mente

Esforçando-nos regularmente para concentrar-nos assim sobre objetos, nós nos preparamos para meditar sobre a mente. Vimos como nossa mente estava ocupada por um contínuo fluxo de pensamentos, apoiando-se principalmente sobre o passado e sobre o futuro. Um pouco de reflexão faz-nos, portanto, tomar consciência, em primeiro lugar, da inutilidade dos pensamentos concernentes ao passado. Fazemos ressurgir em nossa mente acontecimentos do passado, e sofremos por isso. Todavia, são apenas pensamentos, nada mais. Alem disso, agitam o que não existe absolutamente mais: o passado passou, em definitivo. A partir do momento em que compreendemos a não-existência presente desses acontecimentos, em que compreendemos a falta de sentido, de utilidade e de beneficio desse tipo de pensamentos, desde logo eles cessam de nos prejudicar. Temos a mesma atitude em relação ao futuro: pensamos no que deveremos fazer num futuro próximo ou longínquo, o que engendra inquietudes e preocupações e, por conseqüência, sofrimento. Aí ainda, se refletimos bem sobre isso, compreendemos que o futuro, no momento, não existe em absoluto. Não há, portanto, nenhuma utilidade em criarmos dificuldades em relação com o que não tem existência. Meditar sobre a mente significa que não seguimos os pensamentos que nos levam para o futuro, que também não seguimos aqueles que nos puxam para o passado. Deixamos a mente no presente, tal como ela é, sem distração, sem procurar fazer nada. Assim, uma certa experiência nasce na mente. Permanecer nessa experiência o máximo de tempo que se puder, é isso meditar. Quando meditamos assim, permanecemos simplesmente nessa experiência, sem nada acrescentar a isso. Não nos dizemos: "Aqui esta bem; aqui não está bem; pronto, aqui estou; não, não estou aqui; a mente é vazia; não, de fato ela não é vazia", etc. Permanecemos sem comentários. A experiência da meditação implica a paz e a felicidade, mas ela permanece fundamentalmente indescritível. É impossível dizer disso: "é isso" ou "não é isso". [...]

do livro "Meditação - Conselhos aoPrincipiante" de Bokar Rimpoche

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