sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Tomar um objeto

[...]Com efeito, quando aprendemos a meditar, é amiúde muito difícil repousar a mente em sua própria essência. Assim, tomamos suportes para conduzi-la a calma interior. Todo objeto exterior pode convir: um copo, uma mesa, uma luz, uma estátua do Buda, qualquer objeto que nos agrade. Fixamos, então, toda a nossa atenção sobre o objeto, sem distração. É uma simples atenção que não implica nem análise nem comentário. Se, por exemplo, concentramo-nos sobre um copo, não examinamos sua forma, não discorremos sobre suas características, não avaliamos suas qualidades, assim como não nos perguntamos se ele contem água ou outra bebida. A mente simplesmente repousa sobre o copo, sem distração e sem discurso. Se, quando desse exercício, a aparência do copo é muito clara e precisa, é o sinal de que nossa mente está verdadeiramente concentrada. Se, ao contrário, o copo torna-se uma aparência vaga e imprecisa, é sinal de que nossa mente está arrebatada por outros pensamentos. Feito regularmente, esse tipo de exercício, qualquer que seja o objeto escolhido, trará grandes beneficios. Se você reside na cidade, você se encontra sem duvida no meio de numerosos ruídos: os automóveis, as maquinas, etc., todas essas coisas das quais pensamos que elas nos impedem de meditar. Entretanto, se, em vez de considerar esses ruídos como obstáculos, você faz deles o próprio objeto de sua atenção, eles se tornam o suporte de sua meditação. Nesse caso, um ruído forte ou fraco, agradável ou desagradável, isso não faz nenhuma diferença. Ai, ainda, você pode verificar facilmente a qualidade de sua atenção: se os sons são percebidos sem interrupção e de maneira precisa, é o sinal que ela e boa. Uma percepção descontínua e vaga revelará, ao contrário, sua insuficiência. Podemos faze-lo igualmente com os outros objetos dos sentidos: odores, sabores, contatos, de tal forma que, onde quer que estejamos, podemos aprender a meditar, sem que seja necessário abandonar tudo. Retirar-se para uma montanha não tem por objetivo senão isolar-nos dos objetos que provocam a distração. Se podemos meditar tomando por suporte esses mesmos objetos, é igualmente bom.

do livro "Meditação - Conselhos aoPrincipiante" de Bokar Rimpoche



"O Centro Dentro de Nós"do Rev. Sensei Gyomay KuboseSensei Gyomay Masao Kubose foi discípulo do Rev.Haya Akegarasu e fundou o Buddhist Temple of Chicago, sendo seu líder espiritual até sua morte, em 29 de março de 2000, com 94 anos de idade. Foi citado muitas vezes por sua obra no âmbito da comunidade buddhista e das relações comunitárias e em 1970, recebeu o World Buddhist Mission Cultural Award. Durante toda sua vida o Rev. Kubose enfatizou e ensinou a todos o Buddha-Dharma não-sectário.Você pode pedir um exemplar aquiLAVE OS PRATOS (uma história zen famosa comentada em um trecho do livro)Um noviço aproximou-se de seu mestre e disse: “Por favor, ensina-me Buddhismo”. O mestre perguntou: “Você já comeu?” O noviço respondeu: “Sim”. O mestre disse: “Então, lave os pratos”.Esse diálogo é famoso. Após comer, é natural lavar os pratos e limpar o resto. Este modo natural é o modo buddhista. Quando a ajuda é necessária, vá e ajude naturalmente - sem nenhuma sensação de obrigação ou dever.Nuvens aparecem no céu de acordo com causas e condições. Elas se movem como devem se mover. A água flui de um plano superior para um inferior. O homem é parte da natureza. Por que não vivemos naturalmente? Quando nosso ego aparece, há tanta artificialidade e pretensão! Sim, a vida algumas vezes é dura - muito dura. Mas a vida deve ser vivida. Não podemos escapar. Ficamos doentes. Sem ninguém para ajudar. É a vida. Encare a realidade de frente e não seja derrotado. Não seja arrogante. Quando for difícil, agüente. Ajude os outros e seja ajudado. Esta é a forma natural.Quando fazemos coisas, por menores que sejam, que possamos fazê-las cem por cento. Não cometemos muitos enganos nas coisas grandes da vida; cometemos nas coisas pequenas. A vida, no final das contas, é composta de coisas pequenas colocadas juntas. Cada ação deve ser feita cem por cento, de modo que, no final do dia, não haja arrependimento. Uma vida buddhista é uma vida sem arrependimentos.Lavar seus pratos após ter comido é algo comum, uma coisa natural. O Buddhismo não é algo especial. Viva como o vento; viva como a água que flui. Faça tudo sincera e completamente - sua vida se tornará perfeita. Perfeita sem comparações, pois não há algo como um critério geral. Cada um vive sua verdadeira vida. Isto é o que o mestre queria dizer quando falou: “Depois de comer, lave os pratos”.

Coloco aqui o que foi postado no Blog: O Pico da Montanha.

Com carinho,
Marcio






quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Os frutos da meditação

Num primeiro momento, nossa mente não poderá permanecer estável e em repouso por muito tempo. A perseverança e a regularidade levam, no entanto, a desenvolver progressivamente a calma e a estabilidade. Sentimo-nos também mais a vontade física e interiormente. Por outro lado, o império das circunstancias exteriores, felizes ou difíceis, atualmente muito forte sobre nós, diminui e ficamos menos submetidos a elas. 0 aprofundamento de nossa experiência da verdadeira natureza da mente tem por efeito o fato de que o mundo exterior perde sua influência sobre nós e torna-se incapaz de prejudicar-nos. 0 fruto ultimo da meditação é a obtenção do Perfeito Despertar, o Estado de Buda. Estamos, então, totalmente libertos do ciclo das existências condicionadas assim como dos sofrimentos que formam seu tecido, ao mesmo tempo que possuímos o poder de ajudar efetivamente o próximo. 0 caminho da meditação comporta duas fases: a primeira, dita shine (a pacificação mental), acalmando gradualmente nossa agitação interior; a segunda, dita lhaktong (a visão superior), levando a desenraizar o apego egocêntrico, fundamento do ciclo das existências. A via interior, e só ela, conduz ao Despertar; nenhuma substância, nenhuma invenção exterior possui esse poder.

do livro "Meditação - Conselhos aoPrincipiante" de Bokar Rimpoche

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Meditação

Na meditação budista nós não nos esforçamos pelo tipo de iluminação que irá acontecer cinco ou dez anos para frente. Nós praticamos para que cada momento de nossa vida se torne vida real.

Thich Nhat Hanh - O Coração da Compreensão

sábado, 24 de janeiro de 2009

Qualidades da natureza da mente

"A mente é o mais sutil e recôndito aspecto da nossa condição relativa, mas não é difícil notar a sua presença. Basta observar os pensamentos e como eles nos enredam no seu fluxo. Se perguntarmos, 'O que é a mente?' a reposta é o fluxo ininterrupto dos pensamentos que surgem e desaparecem. Ela tem a capacidade de julgar, de raciocinar, de imaginar, etc. dentro dos limites de espaço e tempo. Mas, além da mente, além dos pensamentos, existe o que se denomina 'natureza da mente', o estado verdadeiro da mente, além de quaisquer limitações. Como está além da mente, o que fazer para nos acercarmos de uma compreensão a seu respeito?""Tomemos, por exemplo, o espelho. Olhamos no espelho e vemos refletidas as imagens de tudo o que está diante dele, mas não vemos a natureza do espelho. Mas o que significa a 'natureza do espelho'? Quer dizer a capacidade de refletir, descrita como a sua claridade, transparência, pureza, limpidez, condições indispensáveis para que os reflexos possam manifestar-se. A natureza do espelho não é algo que se veja, e a única forma de concebê-la será através das imagens refletidas no espelho. Da mesma forma, apenas conhecemos e vivenciamos o que esteja relacionado ao corpo, à voz e à mente. Contudo, é assim mesmo que somos levados a compreender a sua verdadeira natureza."

"Dzogchen: The Self-Perfected State" by Namkhai Norbu Rinpoche. Translated from the Italian by John Shane. Edited by Adriano Clemente. New York: Arkana, 1989. Available at Ligmincha's Bookstore.Traduzido para o português por Tenzin Namdrol
Extraído do livro "O tesouro do coração dos iluminados" por Patrul Rinpoche e Dilgo Khyentse Rinpoche:

"Não adianta procurar, fora, a natureza suprema da mente - ela está dentro. Quando falamos de "mente" é importante descriminar entre a mente comum, referindo-se às incontáveis cadeias de pensamentos que criam e perpetuam o estado de delusão, ou como aqui, sobre a natureza da mente como fonte de todos estes pensamentos - o estado claro e vazio da presença (rigpa) totalmente destituída de delusão"."Para ilustrar esta diferença o Senhor Buda ensinou que existem duas maneiras de meditar - a primeira, como um cão e a outra, como um leão. Quando se joga um pedaço de pau a um cão, ele corre para apanhá-lo, mas quando se joga um pedaço de pau a um leão, ele corre na direção de quem atirou. É possível jogar muitos pedaços de pau a um cão, mas a um leão só se atira um. Quando completamente bombardeados por pensamentos, aplicamos antídotos a um e depois ao seguinte, o trabalho é vão. Este exemplo é como o do cão. O exemplo do leão é melhor, devemos procurar de onde os pensamentos surgem, o vazio da presença (rigpa), em cuja superfície os pensamentos se movem como ondulações sobre a superfície de um lago, mas cuja profundidade é o estado imutável de completa simplicidade".

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Visitem

Amigos, recomendo esse texto postado no blog Folhas no caminho.
http://folhasnocaminho.blogspot.com/2009/01/montanha-russa.html

Com carinho,

Marcio

domingo, 4 de janeiro de 2009

A fala suave

Palavras de sabedoria do Sacerdote Primaz Soto Zen em relação às atividades de ensino em 2008


“Lembrem-se, a fala doce procede de uma mente amorosa e a semente de uma mente amorosa é a compaixão”.Fala suave é o uso de palavras que dão vida às pessoas, guiando-as ao Caminho de Buda. Fala suave inicia-se com a expansão do amor por todos. Uma mente amorosa é a base para a mente de compaixão, que temos um pelo outro, e surge através da percepção de que somos sustentados e sustentamos um ao outro em condições ilimitadas.Houve algum período em que a linguagem fora tão corrompida como na atualidade? O uso violento e vulgar da linguagem causa distúrbio no mundo e leva a sociedade a tornar-se lugar em que inexiste uma mente amorosa e de compaixão.A linguagem é expressão do pensamento. Não são somente palavras ou meios de comunicação. Ela está impregnada da personalidade do comunicador, criando um caráter individual. Assim, devemos ser cautelosos com o uso adequado de cada palavra emitida.De fato, a vida familiar bem como a sociedade como um todo funciona devido a existência da linguagem. Relações favoráveis são produzidas através de palavras agradáveis. Devemos falar com a mesma mente que se mostra ser gentil e alegre diante de uma criança. Quando louvamos ações virtuosas, não nos deixemos esquecer de atos misericordiosos exatamente nos momentos que as pessoas são incapazes de serem virtuosas.A concretização do lema criado pela Escola Soto Zen “Direito humanos, paz e meio-ambiente” não deve estar separada da vida. A prática da fala suave é para cultivar pessoas flexíveis, encorajar os que dispõem a cuidar dos outros, respeitar os direitos humanos, comprometer-se pela paz, que tenham no meio-ambiente os seus propósitos.Ao herdar o ensinamento do Buda Shakyamuni e praticando a fala suave baseada na crença verdadeira, daremos o primeiro passo a fim de construir uma sociedade abundante em compaixão.Lembremo-nos de usar a fala suave todos os dias."

Namu Shakyamuni Butsu

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Medicina se rende à prática da meditação

Ministério da Saúde baixou portaria incentivando postos de saúde e hospitais a oferecer a técnica em todo o País

Ricardo Westin

Em fevereiro, a agência do governo dos EUA responsável pelas pesquisas médicas (NIH, na sigla em inglês) reconheceu formalmente a meditação como prática terapêutica que pode ser associada à medicina convencional. Em maio, o Ministério da Saúde brasileiro baixou uma portaria em que incentiva postos de saúde e hospitais públicos a oferecer a meditação em todo o País.Essas ações governamentais são sinais da tendência de encarar a meditação não simplesmente como prática de bem-estar, que faz bem apenas à mente e ao espírito. Parar diariamente alguns minutos para se concentrar e se desligar do turbilhão de pensamentos que ocupam constantemente a cabeça também ajuda a manter a saúde física."A meditação é diferente da medicina convencional porque quem cuida de você não é o médico. É você mesmo", explica a médica anestesista Kátia Silva, que coordena as atividades de meditação no Hospital Municipal Vila Nova Cachoeirinha, em São Paulo. Na cidade, 70% dos postos de saúde oferecem atividades da chamada medicina tradicional, que inclui acupuntura, tai chi chuan e meditação.Relativamente recentes, as pesquisas começaram nos anos 70. Uma pesquisa com a palavra meditação no acervo online da Biblioteca Nacional de Medicina, do governo americano, traz 1.400 estudos científicos.Entre outros benefícios, meditar previne e combate a depressão, a hipertensão arterial, a dor crônica, a insônia, a ansiedade e os sintomas da síndrome pré-menstrual, além de ajudar a reduzir a dependência de drogas.Esses estudos mostram que a meditação reduz o metabolismo - os batimentos cardíacos e a respiração ficam mais lentos e o consumo de oxigênio pelas células cai. É isso que dá a sensação de relaxamento e tranqüilidade.As mesmas pesquisas sugerem que prática também interfere no funcionamento do sistema nervoso autônomo, que é responsável, por exemplo, pela liberação dos hormônios noradrenalina e cortisol durante os momentos de stress. Em quem medita, a duração dessas "reações de alarme" são mais curtas. Dessa forma, a pressão do sangue e a força de contração do coração ficam alteradas por pouco tempo, comprometendo menos a saúde.Apesar de serem evidentes os benefícios, a ciência ainda não consegue entender completamente como a meditação age no sistema nervoso. "Uma das dificuldades é o fato de não serem possíveis testes com modelos animais", explica a bióloga Elisa Kozasa, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).Segundo especialistas, mudanças podem ser sentidas logo nas primeiras semanas. A aposentada Maria Elza Lima dos Santos, de 60 anos, descobriu a meditação no Hospital Vila Nova Cachoeirinha. Ela vivia com crises de pressão alta, que passaram após quatro meses de práticas diárias. "Antes, eu era muito nervosa. A cabeça estava sempre cheia de problemas. Aí a pressão subia. Agora fico mais relaxada, sinto uma paz de espírito", conta ela, explicando que no princípio teve dificuldades com a técnica (leia sobre a técnica no texto ao lado). "Levei um mês para aprender a me concentrar."NA TRILHA DA ACUPUNTURAO obstetra Roberto Cardoso, autor de Medicina e Meditação - Um Médico Ensina a Meditar (MG Editores, 136 págs, R$ 26), diz que muitos profissionais de saúde ainda têm preconceitos. "Mas isso deve mudar. A meditação começa a trilhar os passos da acupuntura, que já é um recurso reconhecido pela classe médica."No Brasil, a instituição que mais estuda o tema é a escola médica da Unifesp, o que, segundo especialistas, ajuda a apagar a imagem religiosa e mística que normalmente se tem dos meditadores. A meditação não precisa ser necessariamente ligada a uma crença oriental.Para que a meditação cumpra seu papel de medicina complementar e preventiva, o psicólogo José Roberto Leite, da Unifesp, explica que ela deve ser diária e constante. "É como comer ou fazer exercícios. Não basta uma semana para que você se mantenha saudável."

Palavras de S.S. O Dalai Lama

"Se existe amor, há também esperança de existirem verdadeiras famílias, verdadeira fraternidade, verdadeira igualdade e verdadeira paz. Se não há mais amor dentro de você, se você continua a ver os outros como inimigos, não importa o conhecimento ou o nível de instrução que você tenha, não importa o progresso material que alcance, só haverá sofrimento e confusão no cômputo final. O homem vai continuar enganando e subjugando outros homens, mas insultar ou maltratar os outros é algo sem propósito. O fundamento de toda prática espiritual é o amor. Que você o pratique bem é meu único pedido."