sexta-feira, 24 de abril de 2009

Mágicas não resolvem

Qualquer ser sensorial pode chegar à iluminação. Várias são as situações cármicas dos seres. Nem todos devem obrigatoriamente gozar das mesmas facilidades, mas todos podem chegar à iluminação. Porque nossa realidade é a realidade das coisas externas confusas não reconhecemos nossa potencialidade em nós mesmos. Não damos a nós mesmos espaço para sua manifestação. Há um dito muito oportuno: Nossas pestanas estão tão próximas que não as vemos.
O potencial da mente iluminada está tão próximo que não o apreciamos devidamente. Temos potencial para experimentar a natureza de um Buda e vislumbramos este potencial. Estes vislumbres, quando se dão, não são percebidos devido à confusão. A confusão tornou-se tão abrangente que só a ela vemos, nada mais. No entanto, a obscuridade nunca extingue o potencial, a natureza de Buda. O potencial permanece intocado! Nossa capacidade de experienciar a mente iluminada é quando o sol é tapado pelas nuvens o brilho e calor desaparecem, mas isto de fato não se dá. Sopradas pelo vento as nuvens afastam-se e revelam novamente o sol.
Esta experiência de uma mente iluminada é a da natureza búdica inerente a todos nós, não é chegar a um lugar concreto. Experienciar uma visão sem distorções é iluminação e acontece onde estamos. Muitas pessoas alimentam na mente o desejo de iluminarem-se em três dias. Isto francamente não é assim. Três meses também não, e nem alguns anos. Nem sempre é uma viagem progressiva. Mágicas e truques também não resolvem. O avanço exige a mente séria, sã e inteligente. Não é um tipo de fantasia. É experiência espiritual profunda.
Nossas obsessões habituais não são fáceis de eliminar. Os tipos de obsessão são muito sofisticados. Não é semelhante a um obstáculo material como um véu que puxamos ou pedra que afastamos. A obsessão habitual é acumulada pela mente e tem que ser dissolvida pela mente. Quaisquer que sejam os hábitos acumulados eles nos vêm de nosso apego. Para eliminarmos isto, precisamos de disciplina, vontade, perseverança e aplicação. É com o hábito de fumar, ou usar álcool, ou tomar drogas. Uma vez iniciado um processo, torna-se muito difícil para-lo. O acumulo de influências negativas desde o nascimento, e de muito antes, torna-se tão inerente que nos é muito difícil identificá-las e largá-las.
Nossos obscurecimentos, no entanto, vêm desde tempos sem início, e por isso, mesmo sendo indesejáveis, têm tal força. Não importa, porém, quão fortes sejam e quão longa e arraigada sua história passada. Pelo potencial de nossa essência da mente iluminada, devido ao fato de que as obscuridade não fazem parte da nossa essência, e da verdade do efeito do antídoto correto, pode-se chegar à libertação delas. Isto no entanto acarreta responsabilidade de nossa parte, que se exerce pela confiança em nosso potencial de vitória, pelo reconhecimento da importância de perseverar na iluminação e pelo desenvolvimento da estabilidade em uma mente clara, atenta e profunda.


Sua Eminência Jamgon Kongtrul Rinpoche.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

"Mente e Vida"


Dharamsala, Índia, 6 de Abril de 2009 (Por Phurbu Thinley, Phayul.com)



Cientistas ocidentais e universitários se encontraram mais uma vez no Norte da cidade indiana de Dharamsala, lar de S. S o 14. Dalai Lama, para cinco dias de apresentação como parte da série de conferências "Mente e Vida".

As conferências temáticas: "Atenção, Memória e Mente: Uma sinergia da Psicologia, neurociências e as Pespectivas Contemplativas" foram iniciadas com uma palestra inaugural pelo próprio Dalai Lama. Este é o 18 encontro "Mente e Vida". A primeira reunião ocorreu em 1987.


A Mente e Vida Diálogos, mais genericamente denominado "Diálogos entre budismo e as ciências", foram iniciados através do intercâmbio entre cientistas e o moderno líder espiritual, S. S. O Dalai Lama. Nos anos seguintes se mantiveram intercâmbios regulares que levaram a formação do Mind and Life Institute (MLI).


Neste encontro o foco de discussão se concentrou sobre a fenomenologia subjetiva, operações de processamento de informação, e mecanismos neurais da atenção, memória e consciência tendo o olhar de ambas as perspectivas: científica e budista.


"Embora a relação entre atenção, memória e a mente sejam uma fascinante área de pesquisa em ciência psicológica e neurociência, estes temas são também de interesse particular para o budismo, pois é através do aperfeiçoamento da atenção contemplativa que pode se explorar as origens e as potencialidades da consciência humana, do sofrimento, e da verdadeira felicidade ", observou o MLI em sua visão nota sobre a conferência.


Chamando a conferência como um "reencontro" de amigos que se reunem por muito tempo ao longo destes últimos 20 anos, o Dalai Lama disse: "Eu acho que posso, pelo menos, fazer alguma contribuição, em primeiro lugar para o nosso conhecimento sobre como absorvemos a realidade externa , as partículas, e sobretudo o nosso mundo interior onde se encontram as nossas emoções. Eu acho que nossa discussão criará algum interesse em pessoas que normalmente não estão muito preocupados com o nosso mundo interior", o Dalai Lama afirmou, acrescentando "que esta não é, necessariamente, uma questão religiosa, precisamos conviver com nossa mente, com a consciência, com experiências e emoções, então, naturalmente, não podemos ignorar estas coisas.


Nós queremos a felicidade, e a felicidade é uma espécie de estado de espírito. Portanto, o próprio sentido da alegria é de alguma forma relacionado às emoções e a mente. Precisamos ter uma melhor consciência sobre isso ", disse o Dalai Lama.


Os trabalhos apresentados seguiram com programas de investigação científica que receberam a colaboração dos métodos de meditação contemplativa para realização da investigação científica. Um dos principais pontos de estudo dos cientistas é estudar os efeitos das práticas de meditação contemplativa e que efeitos estas práticas tem sobre o cérebro e consecutivamente o comportamento, bem como a tradução desses dados em instrumentos eficazes para beneficiar as pessoas em todas as esferas da vida.


Sua Eminência o 17 º Karmapa Gyalwang, Richard Gere, Robert Thurman estudioso budistas, autor e pai da atriz Uma Thurman de Hollywood, estão entre outros que participaram da conferência em Dharamsala.


Para mais informações sobre os diálogos "Mente e Vida" e a gama de temas explorados pelo MLI, visitem o site http://64.233.187.132/translate_c?hl=pt-BR&ie=utf-8&langpair=auto%7Cpt&u=http://www.mindandlife.org/&tbb=1&usg=ALkJrhjzSQ6JqAStBn3TjFAh7W5VWgkaVw

domingo, 19 de abril de 2009

Sensitividade



Para uma descrição completa da mente pura, um terceiro aspecto deve ser adicionado às duas primeiras qualidades já discutidas; é a sensitividade, ou desimpedimento. A claridade da mente é a sua capacidade de experienciar; tudo pode surgir na mente, então suas possibilidades de consciência ou inteligência são ilimitadas. O termo tibetano que designa esta qualidade literalmente significa "ausência de impedimento". Esta é a liberdade da mente experienciar sem obstrução. No nível puro, estas experiências têm as qualidades da iluminação. No nível condicionado, elas são as percepções da mente de cada coisa como sendo isto ou aquilo; ou seja, é a habilidade de distinguir, perceber e conceber todas as coisas.
Voltando ao exemplo do sonho, a qualidade inerente de sensitividade da mente seria, por causa de sua abertura e claridade, a sua habilidade de experienciar a multiplicidade de aspectos do sonho, tanto as percepções do sujeito sonhador quanto as experiências do mundo sonhado. A claridade é o que permite surgir as experiências, enquanto a sensitividade é a totalidade de todos os aspectos distintamente experienciados.
Esta sensitividade corresponde, no nível habitual e dualista, a todos os tipos de pensamentos e emoções que surgem na mente e, no nível puro da mente de um buddha, à sabedoria ou qualidades iluminadas colocadas em prática para ajudar os seres.
Então, a mente pura pode ser compreendida assim: em essência, é aberta; em natureza, é clara; e em todos os seus aspectos, é uma sensitividade desimpedida. Estas três facetas, a abertura, a claridade e a sensitividade, não estão separadas, mas são concomitantes. Elas são as qualidades simultâneas e complementares da mente desperta.
No nível puro, estas qualidades são o estado de buddha; no nível impuro da ignorância e da delusão, eles se tornam todos os estados da consciência condicionada, todas as experiências do samsara. Mas não importa se a mente é iluminada ou deludida, nada há além dela, e ela é essencialmente a mesma em todos os seres, humanos ou não-humanos. A natureza de buddha, com todos os seus poderes e qualidades iluminadas, está presente em cada ser. Todas as qualidades do buddha estão em nossas mentes, porém veladas e obscurecidas, assim como uma vidraça é naturalmente transparente e translúcida, mas fica opaca pela densa camada de sujeira.
A purificação, ou remoção destas impurezas, permite que todas as qualidades iluminadas presentes na mente sejam reveladas. Realmente, nossa mente tem pouca liberdade e poucas qualidades positivas porque ela é condicionada pelo nosso karma, pelas marcas habituais do passado. Pouco a pouco, porém, as práticas do Dharma e de meditação livram a mente e a despertam para todas as qualidades de um buddha.


Kalu Rinpoche

sexta-feira, 17 de abril de 2009

A Claridade

Apesar da mente ser essencialmente vazia, ela não é apenas aberta ou vazia, porque se fosse, a mente seria inerte e não iria experienciar ou conhecer qualquer coisa, nem sensações, nem alegria ou sofrimento. A mente não é apenas vazia - ela possui uma segunda qualidade essencial, que é a sua capacidade de experiências, de cognição. Esta qualidade dinâmica é chamada de claridade. Ela é tanto a lucidez da inteligência da mente quanto a luminosidade destas experiências. Para melhorar nossa compreensão da claridade, podemos comparar a abertura da mente ao espaço da sala onde estamos. Este espaço sem forma permite que aconteçam nossas experiências; ele contém a experiência em sua totalidade. É onde a nossa experiência toma o seu lugar. A claridade, então, seria a luz que ilumina a sala e que nos permite reconhecer diferentes coisas. Se houvesse apenas o inerte espaço vazio, não haveria possibilidade de haver consciência. Isto é apenas um exemplo, porque a claridade da mente não é como a luz comum do sol, da lua ou da eletricidade. É a claridade da mente que faz possível toda cognição e experiência. A natureza aberta e luminosa da mente é o que chamamos de "clara luz"; é uma claridade aberta que, no nível da mente pura, está consciente em, e por si mesma; é por isso que a chamamos de cognição auto-luminosa ou claridade. Não há um exemplo verdadeiramente adequado para ilustrar esta claridade no nível puro, mas no nível comum, que podemos relatar mais facilmente, podemos ter uma idéia de alguns de seus aspectos, ao compreender uma das manifestações da mente - o estado do sonho. Vamos dizer que é uma noite escura, e que nesta escuridão estamos sonhando, ou experienciando um mundo do sonho. O espaço mental onde o sonho acontece, independente do lugar físico onde estamos, poderia ser comparado à abertura da mente, enquanto sua capacidade de experienciar, apesar da escuridão externa, corresponde à sua claridade. Esta lucidez abarca todo conhecimento da mente e é a claridade inerente nestas experiências. É também a lucidez do que ou quem as experiência; o conhecedor e o conhecido, a lucidez e a claridade, nada mais são do que duas facetas da mesma qualidade. A inteligência que experiência o sonho é a lucidez, e a claridade presente em suas experiências é a sua luminosidade; mas no nível não-dual da mente pura, é apenas uma e mesma qualidade, a "claridade", chamada de "prabhasvara" em sânscrito, ou de "selwa" em tibetano. Este exemplo pode ser útil para o entendimento, mas tenha em mente que isto é apenas uma ilustração, mostrando um nível de manifestação particular da claridade em um nível habitual. No exemplo, há uma diferença entre a lucidez o conhecedor e a luminosidade das experiências do sujeito, porque o sonho é uma experiência dualista, diferenciada em termos de sujeito e objeto, na qual a claridade se manifesta de uma vez, na consciência ou lucidez do sujeito e na luminosidade de seus objetos. De fato, o exemplo é limitado, pois fundamentalmente não há dualidade nas mentes puras: é a mesma qualidade da claridade que é essencialmente não-dual.

Kalu Rinpoche

quarta-feira, 15 de abril de 2009


"O fim está no começo e no entanto continua-se."


Beckett

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Vídeo sobre Budismo Tibetano

Para quem aprecia o budismo tibetano, não deixem de ver o vídeo postado no blog "Esteja aqui e Agora...". O vídeo intitulado Ilusões "... Um retrato do Budismo Tibetano com Sua Santidade Dalai Lama e Sogyal Rinpoche - Documentário veiculado na TV Câmara - Programa Via Mística - em 12/01/2003."

o endereço do blog é: http://pensandozen.blogspot.com/

Bom feriado para todos!!!!!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Chodak Nubpa fala sobre Felicidade Humana

Como retirado do blog: "Esteja Aqui e Agora"

VENERABLE TIBETAN LAMA CHODAK NUBPA

Depoimento tocante deste Venerável Lama Tibetano chamado Chodak Nubpa sobre a Felicidade Humana.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

BREVE MEDITAÇÃO AUTOMOTIVA

Numerosos são aqueles que passam longas horas em seus carros. Assim, como isso faz parte de nosso cotidiano, podemos integra-lo ao nosso caminho espiritual. Todavia, por razoes evidentes, não será necessário fechar os olhos quando estamos dirigindo ou se estamos presos na complicação do trânsito. Não obstante, é possível usarmos técnicas meditativas e práticas espirituais para melhorar nossa condução, permanecendo calmos e concentrados, ainda que tenhamos a impressão de viver no caos. No espaço exíguo de nosso automóvel, criemos uma atmosfera que nos seja pessoal. Lembremo-nos do enigma do mestre zen: "Como vemos Budha ao volante de nosso carro?" Elaboremos nossa própria meditação automotiva natural que corresponda melhor ao nosso estado mental de condutor. De minha parte, eis como procedo:

Começamos por três inspiraçõesInale profundamente.Inspirar, expirar.
Ser atentoInspirar de novo, relaxar.
Relaxar um pouco mais,Relaxar a tensão,Tudo o que nos pressiona e oprime.
Nossas mãos estão crispadas ao volante?Não estamos indo rápido demais?
Nosso rosto está tenso?Nossas costas estão contraídas?E o que dizer de nosso pescoço?
O estomago um pouco travado, talvez?A respiração curta? O peito oprimido?
Respirar, relaxar, sorrir,Então aproveitemos o passeio.
Recostemo-nos no assento.Relaxemos.
Experimentemos plenamente a experiência presente.
Aqui e agora,Simplesmente estar sentado e conduzindo nossa viatura.
Seguimos nossa rota
Aquela que nos conduz para nós.
Estejamos presentes
Para nós, com facilidade
Próximo de tudo que nos é familiar.
É possível introduzirmos o sagrado em nossa vida adaptando esta meditação à todas atividades às quais nos entregamos regularmente.

Lama Surya Das