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quarta-feira, 19 de maio de 2010

Princípios da Meditação


Do puro ao impuro
O Dharma é um processo que permite passar do estado do ser comum ao estado do ser desperto, que se chama Buddha. Não se poderá captar o alcance do Dharma e sua função profunda caso não se compreenda esse processo, cujos princípios são expressos em termos de purificação: base da purificação, objeto da purificação, agente purificador, resultado da purificação.


A base da purificação

Nossa própria mente, na sua verdadeira natureza, é a mente em si, semelhante ao modo de ser da mente de todos os seres. Sendo assim, não está maculada por impurezas. Entretanto, encontra-se agora impregnada de numerosos condicionamentos passageiros que, embora não afetem a sua essência, produzem a ilusão e o sofrimento.
A essência da mente é o que se chama de "coração do despertar". Apesar de ser pura, pela nossa ausência de realização do que ela é, coração do despertar e impurezas ilusórias encontram-se misturadas. Essa mistura constitui a base da purificação, semelhante a um tecido branco maculado por manchas. O tecido pode voltar a ser branco graças ao fato de a brancura ser a sua natureza. Da mesma forma, a pureza é a natureza de nossa mente e nós podemos recobrá-la. Um carvão, ao contrário, não tem qualquer chance de se tornar branco, pois é originalmente negro. Se a ilusão, a dualidade e o sofrimento fossem a natureza de nossa mente, não teríamos qualquer possibilidade de nos livrarmos delas.

O objeto da purificação

O objeto da purificação é o que se deve eliminar, ou seja, as impurezas ilusórias, semelhantes as manchas que recobrem o tecido, mas que não fazem parte da sua natureza. Essas impurezas não tem realidade própria, motivo pelo qual podemos nos desembaraçar delas. Se fossem dotadas de uma existência em si, isso seria impossível; mas, são contingentes, de natureza ilusória, um simples erro. A sua raiz é a dualidade "apreendido-apreendendo": no exterior, as aparências apreendidas como objeto; no interior, a mente aprendendo enquanto sujeito. Esta polaridade acarreta a produção de emoções conflituosas (cólera, aversão, desejo, apego, cegueira, ciúme, possessividade, orgulho, etc) e de aparências ilusórias, das quais provem, por sua vez, o karma e o sofrimento. E portanto a dualidade, a base sobre a qual se edifica o processo, que deve ser principalmente eliminada.
Os objetos apreendidos exteriormente revestem-se de seis aspectos, correspondentes aos seis sentidos: as formas para a vista, os sons para o ouvido, os contatos para o tato, os objetos mentais para o mental.
O sujeito que os apreende interiormente divide-se igualmente em seis consciências: visual, auditiva, olfativa, gustativa, tátil, mental. É dessa maneira que o espírito funciona na ilusão: seis objetos e seis consciências apreendidas como realidades separadas; esta separação é o espaço no qual se inscreve o jogo das emoções conflituosas.
Esses seis objetos e essas seis consciências são, no entanto, desprovidas de uma entidade própria. No processo de percepção de uma forma, por exemplo, incorremos em erro ao perceber como duas entidades independentes o objeto percebido e a mente que percebe. Na realidade, a forma, percebida como objeto, nada mais é do que a manifestação do aspecto "claridade" da mente, enquanto que o eu-sujeito nada mais é do que o aspecto "vacuidade" dessa mente. No mecanismo de ilusão chega-se, contudo, à situação de olhar-se como sendo outro. É um pouco como o que ocorre quando caminhamos ao sol: nossa sombra destaca-se de nós e aparece como outro.
O objeto apreendido exteriormente e o sujeito que o apreende interiormente não estão, na verdade, jamais separados: não há dualidade. Embora o sujeito e o objeto não sejam duas coisas distintas, como não percebemos esse fato, criamos uma dualidade conosco, o que produz um jogo de emoções conflituosas e pensamentos ilusórios. Assim, o que devemos purificar é essa polaridade de eu-outro.

Bokar Rinpoche, Tchenrezi e Meditação (ShiSil Editora)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A DISTRAÇÃO


Inúmeras pessoas crêem que a meditação deve necessariamente ser um estado desprovido de todos os pensamentos. Ora, quando elas meditam, pensamentos aparecem e elas concluem disso que são incapazes de meditar, que a meditação é um exercício completamente fora de seu alcance. Esse a priori é um erro: meditar não é apagar todo pensamento. Como abordar o problema dos pensamentos?É preciso, antes de tudo, evitar dois erros: 1 - O primeiro é não tomar consciência de que os pensamentos se produzem nem segui-los maquinalmente;2 - O segundo é procurar dete-los.A atitude justa será, ao contrário, estar consciente da produção dos pensamentos, mas sem segui-los nem procurar para-los, mas simplesmente não ocupar-se deles. Se não nos ocupamos dos pensamentos, os pensamentos não tem força. Enquanto não conhecemos a natureza de nossa mente, esta produz pensamentos, que tanto podem ser positivos como negativos, dotados de uma grande força sobre nós mesmos, pois eles são apreendidos como reais. Sem esta apreensão, os pensamentos não tem nenhuma força. Quando deixamos a mente relaxada, vem de início um momento em que ela permanece sem pensamentos. Esse estado estável é como um mar sem ondas. Nessa estabilidade, surge em seguida um pensamento. Este é como uma onda que se forma na superfície do mar. Na medida em que deixamos este pensamento sem nos ocuparmos dele, sem o "deter", ele esvanece-se por si mesmo na mente de onde emanou. É como a onda que se desfaz de novo no mar de onde surgiu. 0 mar e a onda, se não refletimos sobre isso, podem aparecer como duas realidades separadas. De fato, elas são indiferenciadas em essência, pois a essência da onda é a água, bem como a essência do mar também o é. Não podemos dizer que ambos sejam entidades diferentes. Ondas sobem à superfície do mar, mas nada podem fazer alem de fundir-se de novo no mar.No entanto, não podemos dizer que o mar estaria de início diminuído ou que estaria em seguida aumentado. Da mesma maneira, quando deixamos acontecer o movimento dos pensamentos sem nos ocuparmos deles, nossa mente não se encontra deteriorada quando os pensamentos se produzem, e ela não se encontra melhorada quando é desprovida de pensamentos. Enquanto não tivermos compreendido o que é a mente, somos um pouco como aquele que estando na praia pensasse que o mar deve absolutamente ser desprovido de ondas. Quando uma onda vem em sua direção, ele desejaria agarrá-la e joga-la para um lado, depois, agarrar a seguinte e joga-la do outro lado. E mesmo quando, independentemente de seus esforços, o mar se acalmasse por instantes, seria inevitável que ondas se formassem de novo ali. Aquele que esperasse estabelecer um mar definitivamente desprovido de ondas só poderia estar constantemente decepcionado. Querer, durante a meditação, eliminar os pensamentos, é colocar-se na mesma situação. Quando ondas surgem do mar, elas recaem no mar. Na realidade, o mar e as ondas não são diferentes. Se compreendemos isso, permanecemos sentados na praia, relaxados: não há então nem fadiga nem dificuldade. Do mesmo modo, quando observamos a essência de nossa própria mente, que existam pensamentos ou não, é sem importância; permanecemos simplesmente - relaxados.

do livro "Meditação - Conselhos aoPrincipiante" de Bokar Rimpoche

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Introdução a meditação

POR QUE MEDITAR?

Os homens são afligidos por sofrimentos, angustias e medos inumeráveis que são incapazes de evitar. A meditação tem por função eliminar esses sofrimentos e essas angustias. Pensamos, geralmente, que felicidades e sofrimentos surgem de circunstancias exteriores. Sempre atarefados, de uma ou de outra maneira, a reorganizar o mundo, tentamos afastar um pouco de sofrimento aqui, acrescentar um pouco de felicidade ali, sem jamais alcançar o resultado desejado. 0 ponto de vista budista, que também é o ponto de vista da meditação, considera, ao contrario, que felicidades e sofrimentos não dependem fundamentalmente das circunstancias exteriores, mas da própria mente. Uma atitude de mente positiva engendra a felicidade, uma atitude negativa produz o sofrimento. Como compreender esse engano que nos faz procurar fora aquilo que podemos encontrar dentro? Uma pessoa de rosto limpo e nítido ao se olhar em um espelho vê um rosto limpo e nítido. Aquele cujo rosto e sujo e maculado de lama vê no espelho um rosto sujo e maculado. Em verdade, o reflexo não tem existência; só o rosto existe. Esquecendo o rosto, tomamos seu reflexo por real. A natureza positiva ou negativa de nossa mente se reflete nas aparências exteriores que nossa própria imagem nos envia. A manifestação exterior é uma resposta a qualidade de nosso mundo interior. A felicidade que desejamos não virá da reestruturação do mundo que nos cerca, mas da reforma de nosso mundo interior. 0 indesejável sofrimento só cessará na medida em que não embotarmos nossa mente com todos os tipos de negatividades. Enquanto não reconhecermos que felicidades e sofrimentos tem sua origem em nossa própria mente, enquanto não soubermos distinguir o que, por nossa mente, é proveitoso ou nocivo, e que a deixamos a sua insalubridade ordinária, permanecemos impotentes para estabelecer um estado de felicidade autêntica, impotentes para evitar as contínuas ressurgências do sofrimento. Qualquer que seja nossa esperança, ela é sempre decepcionada. Se, ao descobrirmos no espelho a sujidade de nosso rosto, decidíssemos lavar o espelho, mesmo que esfregássemos fortemente durante anos com sabão e água em abundância, nada aconteceria, nem a mínima sujeira, nem a mínima mancha desapareceria do reflexo. Por falta de orientarmos nossos esforços para o objeto justo, eles permanecem perfeitamente vãos. Eis por que o budismo e a meditação tem por primordial compreender que felicidades e sofrimentos não dependem fundamentalmente do mundo exterior, mas de nossa própria mente. Na falta dessa compreensão, nunca nos voltaríamos para o interior e continuaríamos a investir nossa energia e nossas esperanças numa vã busca exterior. Uma vez adquirida essa compreensão, podemos lavar nosso rosto: o reflexo surgiria limpo no espelho. [...]

do livro "Meditação - Conselhos ao Principiante" de Bokar Rimpoche

sábado, 14 de fevereiro de 2009

O CÉU É A MENTE

Muitas pessoas desejam meditar. Elas compreendem muito bem que a meditação concerne a mente, mas de um modo geral não sabem o que ela é com precisão. É um pouco como o céu. Todo mundo sabe o que ele é; ninguém jamais dirá: "0 céu? não conheço." Todavia, a idéia que temos do céu é muito imprecisa e é raríssimo encontrar alguém capaz de defini-lo. Se perguntarem "0 que e o céu?" a pessoa interrogada mal poderá apontar o dedo para o alto e dizer: "É aquilo o céu." 0 mesmo acontece com a meditação: sabe-se que ela existe, pensa-se na maioria das vezes que e uma boa coisa, mas não se sabe realmente o que ela é. 0 que é o céu? Dir-se-á habitualmente que o sol esta no centro do céu, a noção de centro implicando a de confins. Um francês estará inclinado a conceber esse centro e esses confins em relação com a França, porem, um habitante de um outro pais aplicará essa mesma relação a seu pais. Isso basta para mostrar que as noções de centro e confins do céu são subjetivas e não correspondem a uma descrição da realidade. As pessoas que tem a imensa felicidade de habitar a Provença dizem bem amiúde: "Como o céu é belo em nossa região!". Assim, é possível delimitar um pedaço de céu do qual se poderia dizer, de maneira exclusiva: "Essa parte do céu é o céu da Provença". Todo mundo sabe ainda que o céu é azul. Mas bem poucas pessoas sabem a razão dessa cor. De onde ela vem. É ela material? Imaterial? Qual é também a dimensão do céu? A meditação concerne a mente. A mente é muito semelhante ao céu: sem forma, sem substância, sem dimensão. Tal como o céu, todos sabem que ela existe, mas raríssimos são aqueles que sabem o que ela é verdadeiramente. Tal como o céu, a mente é desprovida de centro e de limites. Não temos, contudo, a experiência desse estado ilimitado; reduzimos, ao contrario, o infinito ao finito e permanecemos encerrados nos limites estreitos do que chamamos "eu". Esse estreitamento corresponde a limitação subjetiva implicada na noção de "nosso céu" quando um provençal, por exemplo, fala do céu do sul da França, como se existisse um pedaço de céu que se pudesse recortar e definir como se reportando especificamente a uma região. Na mente infinita, sem centro nem limites, nós nos assimilamos a uma entidade reduzidíssima: o ego. Dai surgem todos os nossos sofrimentos e todas as nossas dificuldades, tanto físicas como mentais. É verdade que certos sofrimentos estão em relação com as circunstancias exteriores e que é mais ou menos possível proporcionar soluções materiais a eles. Perante os sofrimentos interiores, ao contrário, todo remédio material permanece inútil. Suponhamos um rei num país em paz e próspero, a noite, em seu palácio bem guardado. Esse rei, que possui todas as circunstâncias exteriores da felicidade, dorme. Em seu sonho surge um inimigo que o persegue e procura matá-lo. 0 rei sofre de angústia e pavor. Os sofrimentos desse sonho não poderiam ser aliviados por nenhum remédio exterior a mente do sonhador. Podemos, do mesmo modo, possuir todas as condições materiais necessárias para ser felizes. No entanto, elas não tem utilidade para a mente que sofre. Só o caminho espiritual e a meditação permitem que nos liberte-mos dos sofrimentos, das angústias e das dificuldades interiores.

do livro "Meditação - Conselhos aoPrincipiante" de Bokar Rimpoche

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Meditar sobre a mente

Esforçando-nos regularmente para concentrar-nos assim sobre objetos, nós nos preparamos para meditar sobre a mente. Vimos como nossa mente estava ocupada por um contínuo fluxo de pensamentos, apoiando-se principalmente sobre o passado e sobre o futuro. Um pouco de reflexão faz-nos, portanto, tomar consciência, em primeiro lugar, da inutilidade dos pensamentos concernentes ao passado. Fazemos ressurgir em nossa mente acontecimentos do passado, e sofremos por isso. Todavia, são apenas pensamentos, nada mais. Alem disso, agitam o que não existe absolutamente mais: o passado passou, em definitivo. A partir do momento em que compreendemos a não-existência presente desses acontecimentos, em que compreendemos a falta de sentido, de utilidade e de beneficio desse tipo de pensamentos, desde logo eles cessam de nos prejudicar. Temos a mesma atitude em relação ao futuro: pensamos no que deveremos fazer num futuro próximo ou longínquo, o que engendra inquietudes e preocupações e, por conseqüência, sofrimento. Aí ainda, se refletimos bem sobre isso, compreendemos que o futuro, no momento, não existe em absoluto. Não há, portanto, nenhuma utilidade em criarmos dificuldades em relação com o que não tem existência. Meditar sobre a mente significa que não seguimos os pensamentos que nos levam para o futuro, que também não seguimos aqueles que nos puxam para o passado. Deixamos a mente no presente, tal como ela é, sem distração, sem procurar fazer nada. Assim, uma certa experiência nasce na mente. Permanecer nessa experiência o máximo de tempo que se puder, é isso meditar. Quando meditamos assim, permanecemos simplesmente nessa experiência, sem nada acrescentar a isso. Não nos dizemos: "Aqui esta bem; aqui não está bem; pronto, aqui estou; não, não estou aqui; a mente é vazia; não, de fato ela não é vazia", etc. Permanecemos sem comentários. A experiência da meditação implica a paz e a felicidade, mas ela permanece fundamentalmente indescritível. É impossível dizer disso: "é isso" ou "não é isso". [...]

do livro "Meditação - Conselhos aoPrincipiante" de Bokar Rimpoche

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Tomar um objeto

[...]Com efeito, quando aprendemos a meditar, é amiúde muito difícil repousar a mente em sua própria essência. Assim, tomamos suportes para conduzi-la a calma interior. Todo objeto exterior pode convir: um copo, uma mesa, uma luz, uma estátua do Buda, qualquer objeto que nos agrade. Fixamos, então, toda a nossa atenção sobre o objeto, sem distração. É uma simples atenção que não implica nem análise nem comentário. Se, por exemplo, concentramo-nos sobre um copo, não examinamos sua forma, não discorremos sobre suas características, não avaliamos suas qualidades, assim como não nos perguntamos se ele contem água ou outra bebida. A mente simplesmente repousa sobre o copo, sem distração e sem discurso. Se, quando desse exercício, a aparência do copo é muito clara e precisa, é o sinal de que nossa mente está verdadeiramente concentrada. Se, ao contrário, o copo torna-se uma aparência vaga e imprecisa, é sinal de que nossa mente está arrebatada por outros pensamentos. Feito regularmente, esse tipo de exercício, qualquer que seja o objeto escolhido, trará grandes beneficios. Se você reside na cidade, você se encontra sem duvida no meio de numerosos ruídos: os automóveis, as maquinas, etc., todas essas coisas das quais pensamos que elas nos impedem de meditar. Entretanto, se, em vez de considerar esses ruídos como obstáculos, você faz deles o próprio objeto de sua atenção, eles se tornam o suporte de sua meditação. Nesse caso, um ruído forte ou fraco, agradável ou desagradável, isso não faz nenhuma diferença. Ai, ainda, você pode verificar facilmente a qualidade de sua atenção: se os sons são percebidos sem interrupção e de maneira precisa, é o sinal que ela e boa. Uma percepção descontínua e vaga revelará, ao contrário, sua insuficiência. Podemos faze-lo igualmente com os outros objetos dos sentidos: odores, sabores, contatos, de tal forma que, onde quer que estejamos, podemos aprender a meditar, sem que seja necessário abandonar tudo. Retirar-se para uma montanha não tem por objetivo senão isolar-nos dos objetos que provocam a distração. Se podemos meditar tomando por suporte esses mesmos objetos, é igualmente bom.

do livro "Meditação - Conselhos aoPrincipiante" de Bokar Rimpoche

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Os frutos da meditação

Num primeiro momento, nossa mente não poderá permanecer estável e em repouso por muito tempo. A perseverança e a regularidade levam, no entanto, a desenvolver progressivamente a calma e a estabilidade. Sentimo-nos também mais a vontade física e interiormente. Por outro lado, o império das circunstancias exteriores, felizes ou difíceis, atualmente muito forte sobre nós, diminui e ficamos menos submetidos a elas. 0 aprofundamento de nossa experiência da verdadeira natureza da mente tem por efeito o fato de que o mundo exterior perde sua influência sobre nós e torna-se incapaz de prejudicar-nos. 0 fruto ultimo da meditação é a obtenção do Perfeito Despertar, o Estado de Buda. Estamos, então, totalmente libertos do ciclo das existências condicionadas assim como dos sofrimentos que formam seu tecido, ao mesmo tempo que possuímos o poder de ajudar efetivamente o próximo. 0 caminho da meditação comporta duas fases: a primeira, dita shine (a pacificação mental), acalmando gradualmente nossa agitação interior; a segunda, dita lhaktong (a visão superior), levando a desenraizar o apego egocêntrico, fundamento do ciclo das existências. A via interior, e só ela, conduz ao Despertar; nenhuma substância, nenhuma invenção exterior possui esse poder.

do livro "Meditação - Conselhos aoPrincipiante" de Bokar Rimpoche