Queridos amigos,
Este vídeo legendado é o primeiro, de 5 outros vídeos, que fazem parte de um importante documentário. Nele vocês terão a oportunidade de apreciar uma rica experiência transformadora nas prisões da India. Uma verdadeira prova do poder transformador da meditação.
Aos que puderem assistir, recomendo.
Amor e paz!!!!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009
domingo, 1 de novembro de 2009
UM LAMA QUE FALA A LÍNGUA DA GENTE

REVISTA MUITO - GRUPO A TARDE
Publicada por Tatiana Mendonça, em 31 out 09.
Padma Samten, primeiro lama brasileiro, ordenado há 12 anos por seu mestre, Chagdud Tulku Rinpoche, pertence à linhagem Ningmapa e à família Padma, que dentro do budismo está vinculada a um dos mais nobres valores: a compaixão. Este é um dos principais ensinamentos de Tenzin Gyatso, Sua Santidade o 14º Dalai Lama. É o tema de quase todos os seus livros e do discurso em Oslo, ao ganhar o Prêmio Nobel da Paz de 1989. É o que representa ao vestir a thuba vermelho ruby, cor que no budismo simboliza a compaixão.
O Lama Padma Samten, veste a mesma cor. “Sua Santidade o Dalai Lama é um dos meus mestres. Eu olho para ele e vou me movendo não só de modo inspirado por ele, mas também tentando repercutir o que ele faz, portanto, ajudar para que aquilo cresça ainda mais. Acho que ele está tendo essa clareza, para saber o que é necessário fazer para salvar nossa cultura, salvar o planeta, reduzir o sofrimento dos seres”, diz o lama brasileiro, se detendo em explicar que o Budismo está baseado em três orientações: “Não crie sofrimento para os seres, dê benefício para os seres e dirija sua própria mente”.
Nascido Alfredo Aveline há 60 anos, em Porto Alegre, mestre em física quântica e ex-professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Padma Samten vem se tornando conhecido no País pela coerência de seu discurso e pela atuação vigorosa à frente do Centro de Estudos Budistas Bodisatva (CEBB). Com sede em Viamão (RS), o centro se faz representar em 30 cidades no Brasil, Uruguai e Canadá, por atividades muitas vezes dirigidas pelo próprio lama, que cumpre uma agenda cheia, ano após ano.
O trabalho vem dando frutos. Há poucos meses recebeu um convite da Rede Globo e Canal Futura para participar do programa Sagrado, que reúne líderes de diferentes correntes religiosas. O programa, que no canal aberto vai ao ar diariamente às 6h05, e aos domingos às 6h50, sinaliza para a popularidade do budismo no Brasil. “Você acha?”, pergunta animado.
Para o lama, o segredo do sucesso é simples: a adequação dos ensinamentos aos temas cotidianos. Em suas palestras ele fala que cada um deveria analisar suas próprias ações, perguntando a si mesmo: “O que posso fazer para não ferir as outras pessoas? O que posso fazer de bom para as outras pessoas?”. Simples assim.
Esta é a fórmula miraculosa também de Sua Santidade, o Dalai Lama, um comunicador nato que faz esta conexão entre os ensinamentos do Buda e o cotidiano de gente comum, que nem tem religião ou tem pouco acesso ao conhecimento. Ele vem fazendo isso através de seus livros, no Brasil publicados por várias editoras. Para Padma Samten, o Dalai Lama vem contribuindo para popularização do budismo no mundo.“Sua Santidade o Dalai Lama é o Prêmio Nobel da Paz. Ele exeuta muito bem a sua função. Está construindo uma cultura de paz. Ele está criando pontes entre as culturas, linguagens que nos permitem aproveitar o melhor de cada cultura – e não só da tradição budista, das várias tradições religiosas. Ele tem essa postura maravilhosa”.Para Padma Samten, o budismo tem respostas para as questões cruciais da humanidade. Ele mesmo encontrou, na senda do Buda, a ressonância para suas inquietações como ser humano, como físico e ativista ambiental, que no passado havia lutado contra a instalação de energia nuclear no Brasil. “No budismo é assim: nós trabahamos para que as nossas ações sejam as mais perfeitas agora, de tal modo que repercutam de forma positiva e de forma ampla”, esclarece. Para ele, esta visão explica por si mesma o poder da compaixão.
Fonte: REVISTA MUITO - Revista Semal do Grupo A Tarde - Salvador/Ba
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Canal do Lama Samten no youtube
Queridos,
Agora o Lama Samten tem um canal no youtube com todos os seus vídeos que circulam pela internet. Você poderá encontrá-los de forma organizada. Que todos possam se beneficiar com estes ricos ensinamentos.
O endereço é: http://www.youtube.com/lamapadmasamten
Carinho,
Padma Jigme
Agora o Lama Samten tem um canal no youtube com todos os seus vídeos que circulam pela internet. Você poderá encontrá-los de forma organizada. Que todos possam se beneficiar com estes ricos ensinamentos.
O endereço é: http://www.youtube.com/lamapadmasamten
Carinho,
Padma Jigme
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terça-feira, 27 de outubro de 2009
Palavras do Meu Professor Perfeito

Quando você não tiver obsessões,
quando você não tiver pendências,
quando você não tiver inibições,
quando você não estiver com medo,você vai infringir algumas regras.
Quando você não tiver medo,você não vai se preocupar em satisfazer as expectativas de ninguém.
Que outra iluminação você quer?É isso!
(Dzongsar Khyentse Rinpoche - extraído do documentário "Palavras do Meu Professor Perfeito")
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Dzongsar Khyentse Rinpoche
sábado, 24 de outubro de 2009
TRAVESSIA
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Eu e outros
Como você deseja ser feliz, então você deve desejar que os outros sejam felizes também. Como você deseja estar livre do sofrimento, então você deve desejar que todos os seres possam também ser livres do sofrimento. Você deve pensar, "Possam todos os seres sencientes encontrar felicidade e a causa da felicidade. Possam ser livres do sofrimento e da causa do sofrimento. Possam sempre ter felicidade perfeita, livre do sofrimento. Possam viver em equanimidade, sem apego ou aversão, mas sim com amor diante de todos, sem qualquer discriminação."
Sentir amor transbordante e compaixão quase insuportável por todos os seres sencientes é o melhor modo de realizar os desejos de todos os buddhas e bodhisattvas. Mesmo se no momento você não puder efetivamente ajudar ninguém de forma externa, medite constantemente sobre o amor e a compaixão durante meses e anos, até que a compaixão esteja inseparavelmente entrelaçada no próprio tecido de sua mente.
Conforme você tenta praticar e progredir no caminho, é essencial lembrar que seus esforços são para o benefício dos outros. Seja humilde e lembre que todos os seus esforços são como uma brincadeira de criança se comparadas à vasta e infinita atividade dos bodhisattvas. Assim como pais dando provisões aos filhos que amam tanto, nunca pense que você fez muito para os outros, ou que já basta. Mesmo se finalmente planejar estabelecer todas as criaturas vivas no estado búddhico perfeito, simplesmente pense que todos os seus desejos foram realizados. Nunca deve haver nem mesmo um rastro de esperança por qualquer benefício para si mesmo em retorno.
A essência da prática do bodhisattva é ir além do autoapego e se dedicar a servir os outros. A atividade do bodhisattva depende da mente, não de como suas ações possam parecer externamente. A verdadeira generosidade é a ausência de apego, a disciplina última é a ausência de desejo e a paciência autêntica é a ausência de raiva. Os bodhisattvas são capazes de dar seu reino, seu corpo, suas posses mais caras, porque superaram completamente qualquer tipo de pobreza interior e estão incondicionadamente prontos para preencher as necessidades dos outros.
Dilgo Khyentse Tashi Paljor
Sentir amor transbordante e compaixão quase insuportável por todos os seres sencientes é o melhor modo de realizar os desejos de todos os buddhas e bodhisattvas. Mesmo se no momento você não puder efetivamente ajudar ninguém de forma externa, medite constantemente sobre o amor e a compaixão durante meses e anos, até que a compaixão esteja inseparavelmente entrelaçada no próprio tecido de sua mente.
Conforme você tenta praticar e progredir no caminho, é essencial lembrar que seus esforços são para o benefício dos outros. Seja humilde e lembre que todos os seus esforços são como uma brincadeira de criança se comparadas à vasta e infinita atividade dos bodhisattvas. Assim como pais dando provisões aos filhos que amam tanto, nunca pense que você fez muito para os outros, ou que já basta. Mesmo se finalmente planejar estabelecer todas as criaturas vivas no estado búddhico perfeito, simplesmente pense que todos os seus desejos foram realizados. Nunca deve haver nem mesmo um rastro de esperança por qualquer benefício para si mesmo em retorno.
A essência da prática do bodhisattva é ir além do autoapego e se dedicar a servir os outros. A atividade do bodhisattva depende da mente, não de como suas ações possam parecer externamente. A verdadeira generosidade é a ausência de apego, a disciplina última é a ausência de desejo e a paciência autêntica é a ausência de raiva. Os bodhisattvas são capazes de dar seu reino, seu corpo, suas posses mais caras, porque superaram completamente qualquer tipo de pobreza interior e estão incondicionadamente prontos para preencher as necessidades dos outros.
Dilgo Khyentse Tashi Paljor
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domingo, 11 de outubro de 2009
O Caminho de contemplação e meditação
Há várias maneiras de penetrar no Darma. Este processo que descrevemos agora é o que começa com a própria meditação. Ele pertence ao Mahayana, é um método que combina estudo, instrução e meditação, está baseado nos sutras. Não há nenhuma prática de visualização, recitação de mantras, etc. - pelo contrário, é um processo analítico que utiliza a meditação como instrumento. Utilizamos de ponta a ponta todos os processos cognitivos - nenhuma prática ligada a qualquer yidam ou preces, sadhanas, enfim, nenhum elemento do Vajrayana. Não utilizamos nenhum elemento construído, é um processo que busca diretamente lucidez sem nenhum elemento intermediário que não a cognição e serenidade.
No Vajrayana criamos para depois dissolver, aqui não há visualização de qualquer yidam, ou terra pura, apenas o nobre e sereno sentar. Através do efeito combinado da meditação silenciosa e do processo analítico, removemos todos os elementos até reconhecermos o aspecto incessante da natureza não-construída.
É um processo de purificação gradual: pela lucidez removemos progressivamente nossa fixação ao que foi construído. Em nenhum momento é necessário ter fé ou qualquer outra crença. Não é um processo intelectual, no qual geramos uma teoria. Também não privilegiamos nenhum estado mental especial, seja ele instrumento do caminho ou não, e progressivamente ultrapassamos os diversos estados mentais, produtos de nosso próprio carma eliminando a fixação. É o caminho de dissolução das fixações ao que é virtual.
Não consideramos nenhum elemento puro ou impuro, esta análise não pertence ao processo, mas reconhecemos incessantemente liberdades que não víamos antes. A palavra essencial é liberdade. Olhamos os processos mentais e emocionais não no sentido de localizar o que é bom ou ruim, mas no sentido de eliminarmos as marcas que produzem limitação em nossa liberdade. Quando removemos os obstáculos a visão se amplia, é apenas isto. Não é que existam elementos bons e ruins de fato. A visão Hinayana funciona de outro modo, o bom e o ruim é que legitimam uma visão de mundo. Porém, na visão Mahayana não temos panoramas que possam fixar visões finais e elementos positivos e negativos. A visão que temos do mundo está determinada por fatores sutis e estes fatores é que de fato nos aprisionam. Focamos, então, diretamente o que aprisiona, não os elementos bons e ruins criados pela visão condicionada operando desde estes fatores sutis.
Quando olhamos um filme, há coisas boas e ruins, mocinhos e bandidos, e nos aliamos automaticamente aos elementos que nos são simpáticos. De dentro do contexto do filme dizemos: "é mais adequado me conectar aos personagens positivos", não quero ligar-me aos assassinos, ladrões, estupradores, etc. Como iríamos nos ligar a eles? Assim é a visão Hinayana, operando segundo este enfoque, a mente raciocina segundo o roteiro do filme, aceita a estória e tenta seguir os valores positivos. Na visão Mahayana percebemos que há uma tela e uma luz que é projetada, então podemos nos livrar do próprio contexto proposto pelo roteiro do filme, reconhecemos que há um roteiro e como a experiência de realidade é criada e passa a dominar nossas emoções e dirigir nossa mente. Vemos que nossa identidade está claramente além daqueles personagens.
Na nossa vida cotidiana é o mesmo. As experiências também obedecem fatores sutis que não reconhecemos. Devido a isto, por vidas infindáveis operamos dentro daqueles padrões submetidos a experiências específicas de mundos "virtuais" particulares. A liberação não é estar num lugar seguro dentro do filme, um lugar limpo e bom, mas ver que o processo do filme é construído, é virtual, não é sólido, e, especialmente, que carrega em si liberdades reais, ainda que ocultas e insuspeitadas aos que se fixam na estória. As liberdades são o foco.
Mais adiante desenvolvemos a capacidade de penetrar livremente no contexto do "filme incessante da vida" para ajudar os seres a reconhecer liberdades reais, ocultas pela limitação de sua experiência convencional.
Essencialmente o que fazemos é atravessar esses diferentes panoramas sem ficar cegos pelas visões que surgem. Nosso objetivo é encontrar a estabilidade e a natureza não-construída que está além das aparências. Podemos brincar com isso em uma metáfora: por maiores que sejam os incêndios e explosões nos filmes, a tela nunca queima. A tela é capaz de sustentar as maiores monstruosidades e permanecer incólume, é impossível atingi-la. Assim é nossa própria natureza básica. Conectados ao filme, temos toda a experiência de transitoriedade e nos sentimos inseguros.
No avanço deste processo de retirada de solidez das aparências internas e externas pela prática de meditação, num determinado ponto o próprio personagem que o vive acaba desaparecendo. Não há como isso não acontecer, o personagem é um processo construído e a experiência de liberdade frente a ele acaba aparecendo. Num certo ponto cessa a experiência de alguém que galga etapas ou que passa por essas experiências.
A palavra "mundo" é apenas mais uma manifestação dessa separatividade. Há um ponto onde todas as perguntas sobre deus, iluminação, espaço, tempo, somem. Quanto mais avançamos nos aspectos sutis desse processo de dissolução, menos as teorias, compreensões e cognições fazem sentido. Essas palavras estão dentro da busca de uma compreensão de "como surgiu o mundo", mas, observe, essa pergunta traz dentro de si mesma a noção de separação. É a pergunta de alguém que observa algo separado de si.
Com o progresso da prática esses elementos eventualmente desaparecem. Na linguagem dos mestres: é como uma névoa que se dissipa, ninguém sabe para onde foi; é como um eco, não há origem para aquele som, mas ele surge. Quando procuramos a origem, não há alguém que tenha produzido o som. O efeito existe, mas não há uma identidade que o produza.
A experiência das vidas anteriores, os carmas acumulados, as experiências de mundo, isso tudo é apenas uma faísca. Surgem e desaparecem. Todas as complicações também são assim. Num momento surge samsara inteiro que dura por éons, mas isso nada mais é que uma faísca atmosférica na eternidade. É como um sonho. Parece denso, pesado, mas quando a pessoa acorda, não tem nenhuma importância. Ali dentro, aquilo é vital, muito importante. É como açúcar na água, não sabemos para onde foi. É como uma frágil gota de orvalho. Também é um halo ao redor do sol - surge não se sabe de onde, e desaparece não se sabe como. Tem uma aparência, mas não tem solidez. É como um rosto visto em uma nuvem. Está lá, podemos achar auspicioso, podemos achar bonito, podemos achar parecido com o pai, com o avô. Podemos acreditar que é uma mensagem, mas é apenas um rosto numa nuvem. Também como um arco-íris - surge magicamente e se dissolve magicamente.
Quando cruzamos por esse ponto, cessa a separatividade e percebemos todas as aparências como experiências de aparências. Vemos que toda a densidade anterior existiu inseparável de nossa ingenuidade. Não é boa nem má, é ingenuidade. Quando esse ponto é cruzado, então todos os elementos se transformam. A impermanência, por exemplo, deixa de ser um infortúnio. Passa a ser evidência da liberdade. Se as coisas fossem permanentes, não haveria mudança, não haveria liberdade. A evidência da não-solidez de todas as coisas é a própria evidência de liberdades ocultas aos olhos ingênuos. Essa é a descrição do caminho Mahayana que utiliza a meditação como processo principal.
Lama Samten
No Vajrayana criamos para depois dissolver, aqui não há visualização de qualquer yidam, ou terra pura, apenas o nobre e sereno sentar. Através do efeito combinado da meditação silenciosa e do processo analítico, removemos todos os elementos até reconhecermos o aspecto incessante da natureza não-construída.
É um processo de purificação gradual: pela lucidez removemos progressivamente nossa fixação ao que foi construído. Em nenhum momento é necessário ter fé ou qualquer outra crença. Não é um processo intelectual, no qual geramos uma teoria. Também não privilegiamos nenhum estado mental especial, seja ele instrumento do caminho ou não, e progressivamente ultrapassamos os diversos estados mentais, produtos de nosso próprio carma eliminando a fixação. É o caminho de dissolução das fixações ao que é virtual.
Não consideramos nenhum elemento puro ou impuro, esta análise não pertence ao processo, mas reconhecemos incessantemente liberdades que não víamos antes. A palavra essencial é liberdade. Olhamos os processos mentais e emocionais não no sentido de localizar o que é bom ou ruim, mas no sentido de eliminarmos as marcas que produzem limitação em nossa liberdade. Quando removemos os obstáculos a visão se amplia, é apenas isto. Não é que existam elementos bons e ruins de fato. A visão Hinayana funciona de outro modo, o bom e o ruim é que legitimam uma visão de mundo. Porém, na visão Mahayana não temos panoramas que possam fixar visões finais e elementos positivos e negativos. A visão que temos do mundo está determinada por fatores sutis e estes fatores é que de fato nos aprisionam. Focamos, então, diretamente o que aprisiona, não os elementos bons e ruins criados pela visão condicionada operando desde estes fatores sutis.
Quando olhamos um filme, há coisas boas e ruins, mocinhos e bandidos, e nos aliamos automaticamente aos elementos que nos são simpáticos. De dentro do contexto do filme dizemos: "é mais adequado me conectar aos personagens positivos", não quero ligar-me aos assassinos, ladrões, estupradores, etc. Como iríamos nos ligar a eles? Assim é a visão Hinayana, operando segundo este enfoque, a mente raciocina segundo o roteiro do filme, aceita a estória e tenta seguir os valores positivos. Na visão Mahayana percebemos que há uma tela e uma luz que é projetada, então podemos nos livrar do próprio contexto proposto pelo roteiro do filme, reconhecemos que há um roteiro e como a experiência de realidade é criada e passa a dominar nossas emoções e dirigir nossa mente. Vemos que nossa identidade está claramente além daqueles personagens.
Na nossa vida cotidiana é o mesmo. As experiências também obedecem fatores sutis que não reconhecemos. Devido a isto, por vidas infindáveis operamos dentro daqueles padrões submetidos a experiências específicas de mundos "virtuais" particulares. A liberação não é estar num lugar seguro dentro do filme, um lugar limpo e bom, mas ver que o processo do filme é construído, é virtual, não é sólido, e, especialmente, que carrega em si liberdades reais, ainda que ocultas e insuspeitadas aos que se fixam na estória. As liberdades são o foco.
Mais adiante desenvolvemos a capacidade de penetrar livremente no contexto do "filme incessante da vida" para ajudar os seres a reconhecer liberdades reais, ocultas pela limitação de sua experiência convencional.
Essencialmente o que fazemos é atravessar esses diferentes panoramas sem ficar cegos pelas visões que surgem. Nosso objetivo é encontrar a estabilidade e a natureza não-construída que está além das aparências. Podemos brincar com isso em uma metáfora: por maiores que sejam os incêndios e explosões nos filmes, a tela nunca queima. A tela é capaz de sustentar as maiores monstruosidades e permanecer incólume, é impossível atingi-la. Assim é nossa própria natureza básica. Conectados ao filme, temos toda a experiência de transitoriedade e nos sentimos inseguros.
No avanço deste processo de retirada de solidez das aparências internas e externas pela prática de meditação, num determinado ponto o próprio personagem que o vive acaba desaparecendo. Não há como isso não acontecer, o personagem é um processo construído e a experiência de liberdade frente a ele acaba aparecendo. Num certo ponto cessa a experiência de alguém que galga etapas ou que passa por essas experiências.
A palavra "mundo" é apenas mais uma manifestação dessa separatividade. Há um ponto onde todas as perguntas sobre deus, iluminação, espaço, tempo, somem. Quanto mais avançamos nos aspectos sutis desse processo de dissolução, menos as teorias, compreensões e cognições fazem sentido. Essas palavras estão dentro da busca de uma compreensão de "como surgiu o mundo", mas, observe, essa pergunta traz dentro de si mesma a noção de separação. É a pergunta de alguém que observa algo separado de si.
Com o progresso da prática esses elementos eventualmente desaparecem. Na linguagem dos mestres: é como uma névoa que se dissipa, ninguém sabe para onde foi; é como um eco, não há origem para aquele som, mas ele surge. Quando procuramos a origem, não há alguém que tenha produzido o som. O efeito existe, mas não há uma identidade que o produza.
A experiência das vidas anteriores, os carmas acumulados, as experiências de mundo, isso tudo é apenas uma faísca. Surgem e desaparecem. Todas as complicações também são assim. Num momento surge samsara inteiro que dura por éons, mas isso nada mais é que uma faísca atmosférica na eternidade. É como um sonho. Parece denso, pesado, mas quando a pessoa acorda, não tem nenhuma importância. Ali dentro, aquilo é vital, muito importante. É como açúcar na água, não sabemos para onde foi. É como uma frágil gota de orvalho. Também é um halo ao redor do sol - surge não se sabe de onde, e desaparece não se sabe como. Tem uma aparência, mas não tem solidez. É como um rosto visto em uma nuvem. Está lá, podemos achar auspicioso, podemos achar bonito, podemos achar parecido com o pai, com o avô. Podemos acreditar que é uma mensagem, mas é apenas um rosto numa nuvem. Também como um arco-íris - surge magicamente e se dissolve magicamente.
Quando cruzamos por esse ponto, cessa a separatividade e percebemos todas as aparências como experiências de aparências. Vemos que toda a densidade anterior existiu inseparável de nossa ingenuidade. Não é boa nem má, é ingenuidade. Quando esse ponto é cruzado, então todos os elementos se transformam. A impermanência, por exemplo, deixa de ser um infortúnio. Passa a ser evidência da liberdade. Se as coisas fossem permanentes, não haveria mudança, não haveria liberdade. A evidência da não-solidez de todas as coisas é a própria evidência de liberdades ocultas aos olhos ingênuos. Essa é a descrição do caminho Mahayana que utiliza a meditação como processo principal.
Lama Samten
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Veneno no copo d´agua

O texto abaixo foi escrito com base em anotações que fiz durante um retiro com Geshe Lhakdor em São Paulo, nos dias 13 e 14/9. O que está em negrito são ensinamentos dados com muita ênfase pelo mestre, repetidas vezes.
O retiro foi maravilhoso! Com muita clareza, Geshe Lhakdor (tradutor e assistente de S. S. o Dalai Lama desde 1989) ofereceu ensinamentos muito profundos, de uma forma simples e intensa.
O retiro foi maravilhoso! Com muita clareza, Geshe Lhakdor (tradutor e assistente de S. S. o Dalai Lama desde 1989) ofereceu ensinamentos muito profundos, de uma forma simples e intensa.
Imaginem que um bom amigo de vocês avisa que num copo d’água há veneno. Ainda que vocês estivessem com muita sede, vocês tomariam do líquido?
Em sã consciência, certamente não, afinal, venenos nos causam mal, podendo até matar, dependendo da quantidade.
Eis que no Budismo fala-se dos venenos da mente: inveja, raiva, apego, orgulho e ignorância. Eles recebem o nome de venenos justamente porque prejudicam nossa saúde e podem matar ou levar a matar, dependendo da dose.
Isso pode suscitar o seguinte pensamento em nós: é, realmente, essas emoções são de fato prejudiciais, mas de certa forma fazem parte da nossa vida, afinal somos seres humanos, temos nossas emoções, nossos altos e baixos.
Pois é. Essas emoções negativas ou venenos, de fato, estão bastante presentes e são muito comuns em nosso dia-a-dia. Por isso, temos a tendência de pensar “Isso faz parte de nós, o ser humano é assim”. Nem passa pela nossa cabeça que podemos estar agindo assim por puro hábito! Porque nesta vida (e provavelmente em outras) agimos assim por muitas vezes, então quando alguém levanta a voz conosco, nós levantamos a voz também, sem pensar. Isso é automático.
Imagine se o contrário fosse verdadeiro, ou seja, se isso não fosse automático. Você certamente nunca ouviu alguém dizer: “Olhe que coisa desagradável, você levantou a voz comigo, vou ficar com raiva agora! Um, dois, três e já! Estou com raiva!”.
Nós nem percebemos e estamos contaminados pelos venenos. Então, não há inimigos externos para os nossos problemas pessoais, nem para os problemas do âmbito da sociedade. O inimigo verdadeiro são as emoções negativas. Investigue cuidadosamente esse inimigo e perceba se ele faz mal ou não.
Não basta perceber que faz mal, afinal isso é bem fácil. Gere uma convicção profunda sobre isso.
Tendo em vista os males provocados pela emoções negativas e nossa tendência a utilizá-las, devemos alimentar a nossa mente com comida positiva. E o alimento deve ser dado com regularidade. Ou algum dia você pensou em ficar sem nenhuma refeição? Assim como o corpo físico precisa de comida diariamente, nossa mente também precisa. Por isso, tenha uma prática espiritual regular e sistemática e pratique meditação.
Uma mente bem alimentada é uma mente feliz, estável. Aconteça o que acontecer, não devemos deixar nossa mente ficar infeliz, pois a infelicidade é o alimento para a raiva.
A forma como pensamos e vemos as coisas é a fonte de nossa felicidade. Alimentar a mente com “comida positiva” significa irrigar as sementes de amor e compaixão. Portanto, mais uma vez, aconteça o que acontecer, não deixe sua mente ficar infeliz, por maior que possa parecer seu problema, pense nas várias vantagens e coisas boas da sua vida e foque sua mente nisso.
Retirado do Site:Bodisatva e escrito por Estela, aluna do querido Lama Santem. Para visualizar o site entre no seguinte link:
Com carinho,
Marcio
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Venerável Lama Chodak Nubpa
Neste maravilhoso vídeo, podemos ouvir as puras palavras de sabedoria deste grande mestre. Que assim possa ser útil,
Tashi Delek
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sábado, 12 de setembro de 2009
Impermanência
Como postado no blog Sangha Marga: Impermanência.
Inteligente vídeo, espero que gostem.
Tashi Delek
Inteligente vídeo, espero que gostem.
Tashi Delek
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terça-feira, 8 de setembro de 2009
Nada de especial
«A verdadeira prática (...) é muito mais voltada para enxergarmos como nos ferimos e magoamos os outros com pensamentos e atos iludidos. É enxergarmos de que maneira magoamos os outros, talvez por estarmos simplesmente tão perdidos em nossos próprios pensamentos que nem sequer conseguimos vê-los. Não acho que de fato causemos danos aos outros; é só que não vemos muito bem o que estamos fazendo. Posso saber como está indo a prática de uma pessoa vendo se seu interesse pelos outros está aumentando, interesse que vai além do que meramente EU quero, do que está ME ferindo, se como a vida é terrível, e assim por diante. Esse é o sinal de uma prática que está avançando. A prática sempre é uma batalha entre aquilo que queremos e aquilo que a vida quer.»
Joko Beck
(Nada de especial: vivendo zen, pág. 71).
Joko Beck
(Nada de especial: vivendo zen, pág. 71).
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