segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Nada a esperar, nenhuma queda a temer

Nada a esperar, nenhuma queda a temer

Nyoshul Khen Rinpoche


Todos os pensamentos, sentimentos, emoções, percepções, sensações, estados da mente, conceitos e tudo mais são como nuvens no céu, momentaneamente se reunindo e depois dispersando, se dissolvendo de volta exatamente nesse mesmo espaço. Que bem pode haver em se apegar a isso? Que bem pode haver em tentar se afastar disso?

Tudo é a exibição ilusória, milagrosa, como um sonho, da própria mente de alguém. Não há nada especial a se fazer sobre isso, exceto reconhecer sua natureza verdadeira, sua vacuidade, e ser livre dentro do que quer que pareça surgir.

Não é necessário julgar experiências e pensamentos como bons ou ruins, como desejáveis ou indesejáveis, proveitosos ou improveitosos. Deixe apenas ir e vir do modo como é, sem se envolver demais, sem se identificar com nada, nem cedendo nem seguindo, nem suprimindo nem inibindo. Simplesmente deixe todas as coisas internas e externas aparecerem e desaparecerem à sua própria maneira, apenas como nuvens no céu, e permaneça acima e além disso tudo, mesmo no meio das atividades e responsabilidades diárias.

Há tantas coisas para se fazer neste mundo, mas há apenas uma coisa que uma pessoa precisa conhecer, e isso é a sua própria natureza. Esse é o medicamento universal, a panaceia que cura todos os males e doenças. O que quer que vem, também vai. A própria natureza, o ser fundamental de alguém, está além — não se afeta pelas manchas que surgem ou por fenômenos temporários. Não vem nem vai: permanece imutável. Ao reconhecer isso, a transcendência inata é vivenciada. Então, samsara e nirvana não significam nem esperança nem medo para o praticante; a dualidade não mais prevalece. Não há nada a esperar, nenhuma queda a temer.

Como Guru Rinpoche, Tilopa e Naropa, e o Mahasidda Saraha disseram: “Com objetos externos, não se preocupe. Como objetos internos (o próprio sujeito), não se preocupe. Sem olhar para fora ou dentro, deixe como é: vazio, livre e aberto. Não são os objetos externos que nos prendem, mas sim o apego interno que nos amarra.”

Essa é a instrução essencial dos mahasiddas da India e dos yogues realizados do Tibet. Ela é baseada nas palavras do próprio Buda Shakyamuni, que disse que a raiz de todo sofrimento é se agarrar, se apegar. Não há outro ensinamento além deste. Isso é a raiz de tudo. Esse é o princípio por trás de todas as diferentes explicações.

A sensualidade não está nos objetos, está na mente que deseja, no próprio desejo. O desejo preenche os objetos com a qualidade de serem desejáveis, com sensualidade e valor. De outro modo, o que é desejável de modo absoluto? Tudo depende da mente, do próprio condicionamento da pessoa; o que uma pessoa deseja e aspira, a outra pode repudiar e evitar a todo custo. Não é óbvio isso?

Nyoshul Khen Rinpoche (Tibete, 1932 – França, 1999):

Retirado do blog SAMSARA

domingo, 27 de novembro de 2011

Meditação ajuda a proteger o cérebro


Praticantes mais experientes são capazes de 'desligar' áreas cerebrais.
Técnica também pode contribuir para parar de fumar e lidar com o câncer.

Pessoas que têm experiência em meditação parecem ser capazes de “desligar” áreas do cérebro associadas a devaneios, transtornos psiquiátricos (como esquizofrenia) e autismo, segundo um novo estudo de imagens cerebrais feito por pesquisadores da Universidade Yale, nos EUA. O trabalho foi publicado esta semana na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

A capacidade da meditação em ajudar indivíduos a manter o foco no presente tem sido associada a maiores níveis de felicidade, destacou o principal autor da pesquisa e professor assistente de psiquiatria em Yale, Judson A. Brewer.

Entender como funciona a meditação pode ajudar na investigação de uma série de doenças, afirmou Brewer. "Essa prática tem se mostrado capaz de amenizar vários problemas de saúde, ao contribuir para que pessoas parem de fumar, lidem melhor com o câncer e até mesmo evitem a psoríase", enumerou o cientista.

A equipe de Yale realizou exames de ressonância magnética funcional em pessoas experientes e novatas na meditação, enquanto elas praticavam três diferentes técnicas de esvaziar a mente dos pensamentos.

Os pesquisadores descobriram que meditadores experientes tiveram uma redução da atividade em áreas cerebrais da chamada rede neural de modo padrão, que tem sido associada a lapsos de atenção e distúrbios como ansiedade, deficit de atenção e hiperatividade, e até acúmulo de placas senis na doença de Alzheimer.

A queda da atividade nessa rede, que engloba a parte medial do córtex cingulado pré-frontal e posterior, foi percebida nos participantes mais experientes, independentemente do tipo de meditação que faziam.

Os exames de imagem também mostraram que, quando a rede neural era ativada, regiões cerebrais associadas ao automonitoramento e ao controle cognitivo foram acionadas nos meditadores de longa data, mas não nos novatos. Isso pode indicar que os primeiros estão constantemente acompanhando e suprimindo o surgimento de divagações e pensamentos sobre si mesmos. Em formas patológicas, esses estados são associados a doenças como autismo e esquizofrenia.

Os participantes mais experientes fizeram isso durante a meditação e também quando estavam descansando. Isso indica que eles desenvolveram um modo padrão "novo", em que há uma maior consciência no presente e menos foco no "eu", ressaltam os pesquisadores.

"A capacidade da meditação em ajudar as pessoas a permanecer no presente tem sido parte de práticas filosóficas e contemplativas há milhares de anos", disse Brewer. "Por outro lado, as marcas de muitas doenças mentais são uma preocupação com os próprios pensamentos, condição que a meditação parece atingir. Isso nos dá algumas pistas de como os mecanismos neurais podem atuar clinicamente”, conclui o autor.

Retirado do site: G1 Ciência e Saúde - http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2011/11/meditacao-ajuda-proteger-o-cerebro-de-doencas-psiquiatricas-diz-estudo.html

sábado, 19 de novembro de 2011

Dalai Lama - Citação da Semana


Dalai Lama - Citação da Semana

No dia-a-dia, se você levar uma vida boa, honesta, com amor, com compaixão, com menos egoísmo, então automaticamente isto conduzirá ao nirvana .... Temos de implementar estes bons ensinamentos na vida diária. Se você acredita em Deus ou não, não importa tanto, se você acredita em Buda ou não, não importa tanto, comoum budista, se você acredita em reencarnação ou não, não importa tanto. Você deve levar uma boa vida.

E uma vida boa não significa apenas bons alimentos, boas roupas, um bom abrigo.Estes não são suficientes. Uma boa motivação é o que é necessário: a compaixão, sem dogmatismo, sem filosofia complicada, basta entender que os outros sãoirmãos e irmãs humanos e respeitar seus direitos e a dignidade humana. Que nós humanos podemos ajudar uns aos outros é uma das nossas capacidades humanasúnicas. Devemos compartilhar o sofrimento de outras pessoas; mesmo se você não pode ajudar com dinheiro, mostrar preocupação, dar apoio moral e expressarsimpatia são valiosos em si mesmos. Isto é o que deve ser a base das atividades;se chamar isso de religião ou não não importa .... Na minha religião simples, o amor é a motivação fundamental. (P.20)


sexta-feira, 9 de setembro de 2011

EU VOU TE FAZER FELIZ


Conheça Mingyur Rinpoche, o homem mais feliz do mundo



Aos 32 anos, o lama Mingyur Rinpoche pode ser considerado um dos homens mais felizes do mundo. Após monitorá-lo em pesquisas na Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, os cientistas descobriram que a atividade de seu cérebro ligada à felicidade era 10 vezes maior do que na média das pessoas. Para Rinpoche, no entanto, a felicidade em si não é assim tão importante. Ele diz que mais do que ser feliz, importa é como lidamos com a mente e qual a intenção por trás de nossas ações. Em seu livro recém-publicado A Alegria de Viver – Descobrindo o segredo da felicidade (Campus, 288 págs.), ele desenvolve o assunto de maneira profunda e clara, contando como a ciência e o budismo se aproximam cada vez mais para explicar o funcionamento do cérebro e nos ajudam a decifrar o segredo da felicidade. Ser happy é ser hype A chave seria usar essa “plasticidade neuronal” (nome dado pela ciência à capacidade do cérebro de se moldar) para criar hábitos mais positivos e revelar a nossa verdadeira natureza. A melhor maneira de fazer isso, reforça ele, seguindo os resultados mostrados pela pesquisa, é treinar sistematicamente a meditação. Em seu livro, Rinpoche explica alguns métodos para se meditar segundo a tradição budista, que para ele é mais uma filosofia de vida do que uma religião. De todos os métodos, o que ele mais enfatiza é o da compaixão, que pode ser resumido no lema “coloque a felicidade do outro na frente da sua”. Durante as pesquisas da Universidade de Wisconsin, o cérebro de Rinpoche era minuciosamente monitorado. O que se observou é que as atividades neuronais ligadas à felicidade tinham o seu clímax quando Rinpoche estava fazendo meditação. Nesses momentos os índices eram 1.000% maiores comparados ao de uma pessoa que não meditava. A meditação, concluíram os neurocientistas, era a grande chave para o autoconhecimento e o controle da própria mente – e conseqüentemente a ferramenta mais importante para a “transformação” da realidade. Rinpoche, você é considerado o homem mais feliz do mundo.

Nunca fica triste?
Fico triste o tempo todo (sorri). Quando eu era jovem, tinha muitos problemas emocionais. Dos 7 aos 13 anos, tinha ataques de pânico e foi realmente difícil. Mas apliquei as técnicas de meditação que aprendi: sentei em meu quarto por três dias e usei o pânico como suporte para minha meditação e ... então ele se foi, deixando minha mente estável. Hoje em dia, quando tenho alguma emoção negativa, minha meditação fica mais clara e forte. O mais difícil é quando tudo está OK, sem dificuldades. Então a mente vagueia, fica sem foco.

As pessoas, muitas vezes, acham que precisam meditar para se ver livre dos problemas

... É importante compreender que lutar contra as emoções negativas não irá fazê-las desaparecer. Temos de entender que tudo está bem do jeito que está, seja bom ou ruim. Você pode usar as situações como suporte para sua meditação – por exemplo a sua ansiedade pode ser usada como suporte ao se transformar em objeto de observação da sua mente durante a meditação. Atrás da ansiedade está um estado desperto, pleno de contentamento. A ansiedade é apenas a superfície. Se você souber usar seus momentos difíceis, eles se transformam em seus aliados.

É cada vez mais comum o culto à auto-estima, ao poder da mente. Filmes como O Segredo reforçam essa visão. O que acha disso?
Há algo estranho ali. A mensagem acaba sendo a de que, mesmo que esteja fazendo algo errado, você deve acreditar que vai conseguir. As pessoas começam a acreditar que podem fazer o que quiserem. De certa forma, isso faz com que superem uma certa falta de confiança interna. Esse problema de falta de confiança é muito comum hoje em dia. Mas isso acaba sendo exagerado e elas vão para o outro extremo. Você perde a compaixão, perde a empatia pelos outros, e tudo passa a ser apenas sobre o que você quer...

Mas você precisa de um objetivo para crescer, não?
Sim, no budismo, aprendemos que não podemos levar o objetivo tão a sério. Temos de cultivar o relaxamento. Não adianta ficar tenso, pensando no resultado. Você deve ser diligente e relaxado ao mesmo tempo. Se sua mente fica tensa, tudo fica impossível e qualquer pequena dificuldade faz você desanimar. No dia seguinte você não consegue nem se levantar da cama, fica desanimado. O equilíbrio é mais importante do que alcançar objetivos, conseguir coisas. Nos dias atuais, todos nós temos medo, somos deprimidos em maior ou menor grau. É importante para combater esse medo e essa depressão descobrir o poder da mente. Isso é importante para melhorar sua confiança, mas não use isso para reforçar o seu ego, para dar suporte a ele. Use sua mente para melhorar a confiança com o objetivo de ajudar os outros.

É preciso ter uma religião para meditar? Ou podemos meditar seguindo instruções gerais para acalmar a mente, por exemplo?
Uma meditação pode ser básica, como a Shamata. Nesse caso, não precisa estar associado à nenhuma religião. Mas se você quiser ir mais fundo, um caminho espiritual irá ajudá-lo bastante, por causa de seus métodos. Mas eu digo que o budismo, por exemplo, não é uma religião. É uma maneira de viver a vida, uma filosofia. Os cientistas passaram a meditar depois de constatarem os resultados impressionantes dos seu testes? Sim, eles se tornaram grandes meditatores (risos).

E eles se aproximaram mais do budismo? Hehehe. Isso eu não perguntei...

Por Marcelo Guerreiro - Revista Trip

sexta-feira, 18 de março de 2011

Transmissão ao vivo

Retiro do Lama de 18 a 20 de março.

O Lama Padma Samten estará em Santa Catarina para o seminário:

"Lucidez na Vida e na Morte".

sexta (18/03): 20h

sábado (19/03): 09h, 14h e 20h

domngo(20/03): 09h

Transmissão ao vivo pelo USTREAM:

domingo, 13 de março de 2011

Os 8 versos que transformam a mente


1. Com a determinação de alcançar
O bem supremo em benefício de todos os seres sencientes,
Mais preciosos do que uma jóia mágica que realiza desejos,
Vou aprender a prezá-los e estimá-los no mais alto grau.

2. Sempre que estiver na companhia de outras pessoas, vou aprender
A pensar em minha pessoa como a mais insignificante dentre elas,
E, com todo respeito, considerá-las supremas,
Do fundo do meu coração.

3. Em todos os meus atos, vou aprender a examinar a minha mente
E, sempre que surgir uma emoção negativa,
Pondo em risco a mim mesmo e aos outros,
Vou, com firmeza, enfrentá-la e evitá-la.

4. Vou prezar os seres que têm natureza perversa
E aqueles sobre os quais pesam fortes negatividades e sofrimentos,
Como se eu tivesse encontrado um tesouro precioso,
Muito difícil de achar.

5. Quando os outros, por inveja, maltratarem a minha pessoa,
Ou a insultarem e caluniarem,
Vou aprender a aceitar a derrota,
E a eles oferecer a vitória.

6. Quando alguém a quem ajudei com grande esperança
Magoar ou ferir a minha pessoa, mesmo sem motivo,
Vou aprender a ver essa outra pessoa
Como um excelente guia espiritual.

7. Em suma, vou aprender a oferecer a todos, sem exceção,
Toda a ajuda e felicidade, por meios diretos e indiretos,
E a tomar sobre mim, em sigilo,
Todos os males e sofrimentos daqueles que foram minhas mães.

8. Vou aprender a manter estas práticas
Isentas das máculas das oito preocupações mundanas,
E, ao compreender todos os fenômenos como ilusórios,
Serei libertado da escravidão do apego.

As oito preocupações mundanas são:

1. Desejar elogios
2. Rejeitar críticas
3. Desejar o prazer
4. Rejeitar a dor
5. Desejar o ganho
6. Rejeitar a perda
7. Desejar a fama
8. Rejeitar ser ignorado

Esse texto foi ensinado por S.S. o Dalai Lama no Brasil em abril de 2006, no templo Zu Lai, em Cotia (SP).

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Palestra ONLINE com Lama Samten













Ensinamentos online com Lama Samten direto do CEBB Darmata.

Meditação Silenciosa: Caminho para a Lucidez. De 26/02 a 01/03.
Com base no texto "A Iluminação da Sabedoria Primordial" de Gyatrul Rinpoche.

Das 09 as 21 hs com intervalos.


Amor e paz!!!!

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Vídeo do retiro de meditação - Prof. Alan Wallace

Palavras preciosas do Prof. Alan Wallace sobre Shamata ( Meditação silenciosa). Retiro realizado no mês de Janeiro de 2011 no CEBB Caminho do Meio em Viamão/RS.



sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Shamata por Dzigar Kongtrul Rinpoche



Shamatha significa um estado de calma duradoura, sem obstáculos. A mente e o corpo estão neste estado, e o corpo está descansado.

A maioria de vocês provavelmente já experimentou esse estado, então quando você pratica shamata, você sabe que não está apenas procurando por um oceano, por uma jóia que não existe. Isso é importante. O ponto desta meditação guiada é chegar ao estado de shamatha. É claro que essa meditação deve ser praticada uma e outra vez, mas desde o início, com base em sua experiência, você vai saber mais ou menos como lá chegar.

Sente-se ereto. Se você pode se sentar em uma flor de lótus completo, como o Buda sob a árvore bodhi, ou em uma flor de lótus pela metade, o que é muito bom. Mas o mais importante é manter a coluna muito ereta. Sentado em uma almofada pode ser útil. Você pode juntar as mãos sobre o colo, ou, como na linhagem Dzogchen, coloque as palmas das mãos sobre os joelhos. Mantenha seus ombros relaxados e equilibrados. Para o olhar, com os olhos parcialmente fechados, olhar para baixo cerca de dois metros a frente. Você pode respirar através de suas narinas ou boca. Sua cabeça está um pouco a baixo, com o queixo mais perto do seu pescoço. Coloque sua lingua contra as costas de seus dentes superiores ou, se isso é muito difícil, basta deixar a sua língua como ela é.

Respire com muita naturalidade. Não respirar demais, ou muito superficialmente, e não prender sua respiração.Se a respiração não é natural, é importante fazê-lo assim.

Essa é a postura física. Cada detalhe da postura é significativa. Eles ajudam a limpar a energia no corpo e acalmar a mente.

Se há tensão em seu corpo, ao invés de tentar repará-lo, traga a sua mente ali. Relaxe e deixe a tensão ir com a sua expiração. Todas as tensões do corpo são criadas pelo vento que se movimentam. Traga sua mente lá, traga sua consciência lá, e deixar a tensão ir quando você expira. Em breve, você vai perceber a tensão se foi, a menos que seja uma grande tensão. Mas mesmo uma grande tensão pode ser resolvida, se você trabalhar dessa forma, mais e mais.

Uma vez que você se senta confortávelmente em seu corpo e sentir que você está se acomodando, começam a contar suas respirações. Conte até 21, contando cada inspiração e expiração como uma só. Você pode contar com os dedos em cada joelho: 1,2,3,4,5,6,7,8,9,10. Faça duas séries de dez, e para o número final use o seu dedinho de novo.

Agora não se mova. Basta estar lá. Verifique se o seu espírito. Você está mais calmo? É no estado de calma permanente? Verifique o seu corpo.Está na postura de calma duradoura? Se ela ainda não está totalmente lá, você pode voltar para a contagem.

Dzigar Kongtrul Rinpoche

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Meditação muda estrutura do cérebro

Estudo de Harvard mostra, pela primeira vez, que a prática pode aumentar a concentração de massa cinzenta

Ressonância magnética exibiu variações em áreas ligadas a estresse, aprendizagem e à regulação de emoções

MARIANA VERSOLATO
DE SÃO PAULO


Paula Giolito/Folhapress
A gerente administrativa Bia Farah, 51, que pratica meditação há 10 anos
A gerente administrativa Bia Farah, 51, que pratica meditação há 10 anos

De olhos fechados, em silêncio e, de preferência, sentados, os praticantes da meditação de atenção plena devem se concentrar em apenas uma coisa: a respiração.

A técnica é antiga, da tradição budista, mas começou a ser mais difundida depois de ter sido usada em um curso não religioso de redução de estresse, criado em 1979 por Jon Kabat-Zinn, professor da Escola Médica da Universidade de Massachussets.

Os benefícios da técnica, conhecida também como "mindfulness", já foram relatados em vários estudos.

A lista vai da melhora de sintomas de esclerose múltipla (como diz estudo publicado na "Neurology") à prevenção de novos episódios de depressão (demonstrada em artigo na "Archives of General Psychiatry").

Mas, agora, um estudo mostra, pela primeira vez, os efeitos provocados por essa meditação no cérebro.

A pesquisa, publicada hoje na "Psychiatry Research: Neuroimaging", foi feita pela Harvard Medical School, nos EUA, em conjunto com um instituto de neuroimagem da Alemanha e a Universidade de Massachussets.

E o mais importante: as mudanças ocorreram em apenas oito semanas de meditação em praticantes adultos iniciantes.

As conclusões foram feitas após comparações entre as ressonâncias magnéticas dos que praticaram a meditação e de um grupo-controle que não fez as aulas.

Outros estudos já haviam sugerido que a meditação causa mudanças no cérebro. Mas eles não excluíam a possibilidade de haver diferenças preexistentes entre os grupos de meditadores experientes e não meditadores.

Ou seja, não era possível afirmar se os efeitos eram causados pela prática.

MENOS ESTRESSE

Todos os 16 participantes da pesquisa, com idades de 25 a 55 anos, deveriam obedecer a um critério: não ter feito nenhuma aula de meditação "mindfulness" nos últimos seis meses ou mais de dez aulas em toda a vida.

Eles frequentaram oito encontros semanais, com duração de duas horas e meia.

Também foram instruídos a fazer 45 minutos de exercícios diários e a praticar os ensinamentos da meditação em atividades do dia a dia, como andar, comer e tomar banho.

Para avaliar as mudanças, todos os participantes e o grupo-controle fizeram ressonâncias magnéticas antes e depois do período de aulas.

Os exames iniciais não indicaram diferenças entre grupos, mas as ressonâncias feitas após o curso mostraram um aumento na concentração de massa cinzenta no hipocampo esquerdo naqueles que haviam meditado.

Análises do cérebro todo revelaram mais quatro aumentos de massa cinzenta: no córtex cingulado posterior, na junção temporo-parietal e mais dois no cerebelo.

BENEFÍCIOS

Britta Hölzel, pesquisadora da Harvard Medical School e uma das autoras do estudo, disse à Folha que isso pode significar uma melhora em regiões envolvidas com aprendizagem, memória, emoções e estresse.

O aumento da massa cinzenta no hipocampo é benéfico porque ali há uma maior concentração de neurônios, afirma Sonia Brucki, do departamento científico de neurologia cognitiva e do envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia.

"Antes, acreditava-se que a pessoa só perdia neurônios durante a vida. Agora, vemos que podem brotar em qualquer fase da vida, e determinadas atividades fazem a estrutura do cérebro mudar."

Isso significa que o cérebro adulto também é plástico, capaz de ser moldado.

No ano passado, um estudo dos mesmos pesquisadores já mostrava redução da massa cinzenta na amígdala cerebral, uma região relacionada à ansiedade e ao estresse, em pessoas que fizeram meditação por oito semanas.

Mas qualquer um que começar a meditar amanhã terá esses mesmos efeitos benéficos em algumas semanas?

"Provavelmente sim", diz a neurologista Sonia Brucki.

Ela ressalta, no entanto, que a idade média dos participantes da pesquisa é baixa e, por isso, não dá para afirmar com certeza que isso acontecerá com pessoas de todas as idades.

Agora, a pesquisadora Britta Hölzel quer entender como essas mudanças no cérebro estão relacionadas diretamente à melhora da vidas das pessoas.

"Essa é uma área nova, e pouco se sabe sobre o cérebro e os mecanismos psicológicos relacionados a ele. Mas os resultados até agora são animadores."


Retirado do Blog "O Pico da Montanha"