segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Consciência

(...)Ser uma boa pessoa faz parte da estrutura do ego de que falamos. Chega um momento em que constatamos ser impossível sobreviver neste universo a menos que se desenvolva uma estratégia. Para alguns, a estratégia é ofensiva; para outros é ficar pequena e invisível. A sua estratégia é ser uma boa pessoa, ter uma boa aparência e agradar a todos. Contudo, a estratégia fundamental de todos será sempre: vou me proteger, de qualquer maneira e não quero saber a que preço. Com o tempo, esta estratégia se torna a decisão de base que norteia a nossa vida (o ego) porque não temos consciência dela. A nossa prática (atenção) é estar perfeitamente consciente disso, não racionalmente, mas em cada célula óssea de nosso corpo.
Por exemplo, o que você descreve—este encolher até chegar quase a desaparecer—você não estaria agindo assim se não fosse a manifestação de uma decisão. Houve um momento em que você decidiu que a única forma de sobrevivência seria de recorrer a esta estratégia. Você aprendeu (provavelmente sem ter consciência do que fazia) que sentindo-se ameaçada você encolheria. E o que você aprendeu na vida até agora é agir desta forma. Ir ao encontro de qualquer ameaça como?
O que fazemos na prática é aumentar a consciência da atividade incessante do ego. Quando meditamos com inteligência estamos fazendo isto, clarificando a estratégia do ego—conscientes das sensações no corpo, ouvindo nossos pensamentos desordenados—o que nos permite observar como esta estratégia domina nossas vidas. Só então é que podemos verdadeiramente avaliar que este tigre que nos tiraniza é vazio e que não precisamos estar a mercê de nada tão irreal. Nossa decisão pode não ter sido tola então, mas agora é tola e inadequada. Já não é necessária.

CHARLOTTE JOKO BECK

2 comentários:

Cris Tarcia disse...

As pessoas tem controle sobre o que pensamos,sentimos e quando tomamos consciência nos libertamos, ai vemos a realidade?

Ë mais ou menos...

Um abraço

Marcio Bernardes (Padma Jigme) disse...

Querida Ana, me parece que a mestra Joko Beck propõe neste texto que devemos estar conscientes dos nossos condicionamentos. Estamos sempre reativos e, na maioria da vezes,reagimos sem consciência do princípio ativo que gerou determinada reação. O caminho da meditação nos levará a estar mais conscientes e portanto mais livres, teremos maior poder de escolha.

Boa pratica!!!!